Francisco e a Criação: 800 anos do Cântico das Criaturas em Olinda
Exposição ‘Francisco e a Criação’ em Olinda celebra 800 anos do Cântico das Criaturas e convida o público a conhecer a vida e a arte do santo
01.10.2025 20:05:46 | 3 minutos de leitura

No último dia 17 de setembro, durante o encerramento da Festa das Chagas de São Francisco de Assis, na Igreja de Nossa Senhora das Neves do Convento Franciscano de Olinda, uma breve, porém marcante, procissão percorreu os espaços conventuais, passando pela Portaria de Sant’Ana e pelo claustro, até chegar à Sala dos Filósofos. Ali, a histórica imagem do santo foi entronizada diante de devotos, admiradores e religiosos, e o guardião do convento, Frei Marconi Lins, inaugurou oficialmente a exposição “Francisco e a Criação: Imagens e louvores do Altíssimo”, que dialoga com a temática da festa de 2025: “Com São Francisco, cantar o Cântico das Criaturas, defendendo a vida e cuidado da Criação”.

A iniciativa integra-se às comemorações do Jubileu dos 800 anos do Cântico das Criaturas (1225-2025), lembrando também os outros dois octocentenários que o acompanham: a Impressão das Chagas (1224-2024) e o Trânsito de São Francisco (1226-2026). É nesse contexto único que a exposição ganha seu significado mais profundo, propondo a reflexão de que Francisco, em comunhão com toda a criação, reflete um mesmo mistério. Nele, o louvor e o sofrimento expressam o rosto da Trindade – que se revela tanto na beleza da natureza quanto no sofrimento dos marginalizados e da Terra maltratada.
O Cântico das Criaturas, composto por Francisco nos momentos que antecediam sua morte, é um poema transbordante de amor e alegria diante do Altíssimo e de sua obra, sintetizando o essencial de uma vida dedicada à fraternidade universal. Francisco se faz irmão do sol, da lua, das estrelas, do vento, das nuvens e do sereno, da água, do fogo e da terra, e de todos os seres que nela habitam, animais e plantas. Lembra-se também que Francisco foi santo chagado como Cristo e os pobres e, como os serafins, amigo do “Bom Senhor”. Desposado com a “dama pobreza”, aceitou, no fim, a morte como retorno à “terra nua” e ao Criador.
A exposição, composta por mais de 90 imagens em diferentes suportes e escalas – cartão, madeira, cerâmica, pedra, tela, gesso –, reúne obras de tempos e contextos diversos, do século XVIII ao XXI, do popular ao erudito, convidando o público a percorrer, em uma pequena viagem, o Cântico das Criaturas e a vida de São Francisco através de séculos de representação iconográfica. Entre os destaques estão esculturas históricas do acervo do convento, deslocadas de seus altares para uma apreciação mais próxima; um medalhão da Sala dos Filósofos retratando Francisco meditando junto à cruz; a grande tela imersiva de Frei Domingos Sávio (Frei Mingo), da década de 1990; e singelas miniaturas artesanais distribuídas pelo percurso. Antes de adentrar a sala expositiva, o público percorre também o claustro, onde se encontram painéis de azulejos que retratam o ciclo da vida de São Francisco integrados à própria arquitetura.
A exposição contou com organização e desenho de Frei Vitor Batista e dos pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas, Reberth Almeida e Matheus Batista, permanecendo aberta de 17 de setembro a 4 de outubro de 2025, no turno matutino. Com esta iniciativa, junto ao Sarau Canta Francisco, realizado em maio, e ao tríduo da Festa das Chagas, a fraternidade do convento de Olinda dá continuidade às celebrações do Jubileu do Cântico das Criaturas, convidando devotos e visitantes a contemplar a vida, a arte e a criação inspiradas em São Francisco.
