Nascemos para a alegria

Como dizia o Servo de Deus Dom Helder Câmara, o Carnaval é a Alegria Popular. Refletindo sobre este tema, Frei Marconi Linda afirma que todos nascemos para a alegria e que é saindo do bloco do julgamento e da condenação, de mãos dadas com respeito e responsabilidade que daremos lugar a felicidade.

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20.02.2023 10:43:28 | 3 minutos de leitura

Nascemos para a alegria

        Depois da tremenda experiência da pandemia que vivemos e que vitimou, pela contaminação, milhões de pessoas e matou quase sete milhões de seres humanos, começamos a nos distanciar desta realidade. E nos chegam outras, notadamente dramáticas: as guerras em várias partes do mundo, as ameaças à nossa Casa Comum e aos povos originários, o empobrecimento dos povos, nosso panorama político e as ameaças à nossa jovem democracia, os terremotos que deixaram milhares de mortos e feridos na Turquia e na Síria...  Apesar de tudo isso, o ser humano ainda se alegra e, no meio de enormes tristezas, encontra razão para a alegria e para a festividade! Afinal de contas, nascemos para a alegria e ela é o indicador por excelência de nossa capacidade de superação e de resiliência em meio à dor e às frustrações que enfrentamos na vida.

        E o Carnaval está aí e não podemos deixar de ver nele a manifestação da força que reside no homem que sofre e que deixa-se habitar pela esperança na alegria que se faz gesto, palavra e canto. E como cristãos e franciscanos, não podemos engrossar o cordão dos que satanizam o Carnaval e que não são capazes de purificar o olhar para não julgar os que buscam superar a tristeza na alegria, muitas vezes exagerada no período momesco. 

        Não caberia a nós reconhecer a alegria, mesmo misturada com os excessos e exageros? Onde não encontrar distorções e desvios do ser humano? Em que lugar Jesus descarregou Sua indignação pelo desrespeito ao lugar sagrado e ao culto senão ao redor do Templo de Jerusalém transformado em comércio e covil de ladrões? O puritanismo emergente em muitos lugares revela um farisaísmo latente de quem acha mais fácil julgar e condenar do que dispor-se a purificar e transfigurar o que está impuro e desfigurado. Muitos perdem a chance de serem sal da terra e luz do mundo, e terminam nas sombras, porque não querem se misturar com o mundo, pois são medrosos e inseguros quanto às suas reais convicções. 

        Jesus rezou ao Pai não para tirar os Seus do mundo, mas para preservá-los do mal. São Francisco que tinha uma grande simpatia pela humanidade e pelo mundo, responde à Senhora Pobreza que seu claustro era o mundo. A alegria franciscana está enraizada na experiência que São Francisco fez da misericórdia de Deus. Apesar de suas fraquezas e incoerências o Pobrezinho de Assis sentia-se mergulhado no amor do Altíssimo e Bom Senhor. E pedia aos seus frades, seus irmãos, que fossem alegres e testemunhassem a alegria e dizia: “Devemos amar o amor Daquele que nos amou” (2 Cel 196).

        Como seria bom se estivéssemos no mundo como Jesus esteve, não para julgar, mas para purificar e salvá-lo, já que acreditamos que todos somos filhos de Deus e chamados à vida em abundância que o Pai quer para nós todos! Foi assim que viveu São Francisco, com seu espírito alegre e contagiante diante de todos os homens,  a quem chamava de “irmãos” e irmanado e confraternizado com toda a criação. Ele soube integrar o negativo da vida com a alegria de ser amado por Deus.

Fonte: Frei Marconi Lins, OFM
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