Domingo de Ramos, Ano C: A resposta de Jesus em todos os tempos será sempre a mesma, amar

Acompanhe a reflexão com Frei Pedro Júnior do Domingos de Ramos destacando a mensagem dos Evangelhos narrados neste dia em que iniciamos a Semana Maior que não são revestidos apenas de dor, "mas de descoberta: o Cristo que entrou em Jerusalém em cima de um jumento e aclamado pelo povo é sem dúvidas, o Filho de Deus"

Reflexão Dominical

13.04.2025 08:00:00 | 3 minutos de leitura

Domingo de Ramos, Ano C: A resposta de Jesus em todos os tempos será sempre a mesma, amar

      A celebração do Domingo de Ramos se configura com o início da Semana Santa. Estes dias não são como os outros. É uma semana que nos dá possibilidade de percorrer com Jesus os seus momentos mais difíceis, porém, mais amorosos. Não é só de dor e sofrimento que se reveste esses dias, mas de descoberta: o Cristo que entrou em Jerusalém em cima de um jumento e aclamado pelo povo é sem dúvidas, o Filho de Deus.

      A liturgia deste Domingo de Ramos revela dois aspectos fundamentais: a entrada messiânica em Jerusalém e a memória de sua Paixão. A nível de conhecimento, este é o único Domingo no qual se faz memória da paixão de Jesus. Este Domingo de Ramos já foi chamado de Domingo da Paixão. Um costume popular do século V, em Jerusalém, que na tarde do Domingo fazia uma procissão solene para comemorar a entrada de Jesus na cidade. A popularidade desse evento se deu porque a comunidade revive de forma dramatizada essa entrada marcante de Jesus. Daí a importância dos quatro evangelistas narrarem a única procissão vivenciada no Novo Testamento. Já no Antigo Testamento se vê quatro procissões: a tomada de Jericó (Js 6,1-16), o transporte da arca para Jerusalém ( 2Sm 6,12-19; 1Cr 15,25-16,3), a procissão de Neemias ( Ne 12,27-43), e a de Judite ( Jt 15,12-16,18).

      Se é verdade que os quatro evangelistas narram a entrada de Jesus em Jerusalém é também verdade que os quatro narram a Paixão de Jesus, cada um com uma visão e perspectiva diferente, porém, são semelhantes em afirmar a decisão de Jesus de falar tudo o que viu e ouviu do Pai. Tais palavras lhe conferiram perseguição e morte. Não diferente no que se percebe na leitura de Isaias em que uma pessoa anônima, que mais tarde a Tradição atribuiu ao próprio Jesus, escutava todas as manhas o que Deus falava e à medida que profetizava, veio perseguição e sofrimento. Deste homem sem nome se configura como profeta por três motivo: Escuta e fala o que Deus quer; segundo, a perseguição pelo que anuncia, pois a paixão pela palavra sobrepõe-se ao sofrimento e a terceira, a certeza de que não está só. Deus nunca o abandona. Dessa forma, podemos dizer que esse homem sem nome é um profeta que não se desvia da palavra e nem dos bofetões, isto é, o servo sofredor.

      Já que os quatro evangelista narram como se deu a entrada de Jesus em Jerusalém e sua Paixão, então o que há de especial que a comunidade de Lucas nos traz como ensinamento? Lucas acrescenta um diálogo entre Jesus e os fariseus. Estes pedem para que Jesus repreenda os discípulos e toda aquela festa. Jesus responde: “... se eles se calarem, as pedras gritarão”. Jesus sabia que não dava mais para voltar atrás, os planos de Deus estava se cumprindo e que as palavras que o povo entoavam eram verdadeiras, diziam quem Ele era de verdade. Se para os fariseus e doutores da lei o que Jesus fazia era pelo príncipe do mal, o povo aclamava o contrário.

      Existe momentos que não dá mais para voltar atrás e Jesus sabia que esta entrada em Jerusalém lhe possibilitaria muitas posições contrarias. Porém, não tinha como fugir era preciso assumir um projeto de amor. Muitos podem até traduzir esse momento como apenas sofrimento, por trás da cruz sempre existe uma prova de amor; por traz de qualquer dor, existe a possibilidade de tirar um ensinamento. Para conseguirmos realizar um projeto não podemos pensar apenas no que pode dar errado. Precisamos, sobretudo, confiar em Deus, em nós mesmos e no fim último que é dar o melhor de nós.

      Neste projeto de amor, a cruz foi o ponto máximo de um Deus que faria qualquer coisa pela humanidade. Quis Deus de início se esvaziar de sua condição divina, se colocar num mesmo plano do homem e da mulher para nos mostrar que ser humano não é ser essencialmente pecado. Como humano ele nos ensina que podemos ser mais, que podemos dar uma nova resposta e fazer de nossa vida um dom. Muitos escolhem desfazer o dom que é a vida tentando encontrar os erros para acusar. Se sentem tão certos que a bondade do outro se torna uma ameaça.

      O Evangelho da Paixão que Lucas nos recorda, descreve o julgamento de Jesus que começa com a acusação de que Ele incitava o povo a não pagar impostos a Cesar e se dizer rei. Essa acusação o levou a Pilatos que não encontrou crime algum, porém, o mesmo povo que o aclamava gritava para sua crucificação. Jesus foi vítima de um governo que não aceitava um pensamento contrário, incapaz de perceberem que a vida não só pode ser pensada a partir de um ponto de vista. Existe um jeito nobre de vê a partir do amor, coisa tão difícil de se perceber quando a lei está acima do bem e do mal.

      Portanto, hoje nós somos convidados a pensar em nossas ações e não do povo que condenou Jesus. Se olharmos um pouco para nós, num breve exame de consciência, de que lado estaríamos caso nós estivéssemos naquelas condições. Estaríamos com o Cristo ou com os acusadores? O certo é que a resposta de Jesus em todos os tempos será sempre a mesma: amar.

[Acesse a Liturgia deste Domingo de Ramos]

Fonte: Frei Pedro Júnior
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