As Leis como arma e escudo contra a escravidão e luz para a liberdade de filhos de Deus

Frei Willames Batista, continua sua reflexão a cerca da migração. Neste segundo artigo apresenta as leis a partir de uma visão tomista como um meio para se alcançar a liberdade dos Filhos de Deus

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16.06.2022 12:55:26 | 3 minutos de leitura

As Leis como arma e escudo contra a escravidão e luz para a liberdade de filhos de Deus

       Com Tomás de Aquino conseguimos entender bem a necessidade que levou a criação das leis, que tem como função salvaguardar a justiça entre os povos, pois, “a justiça é o hábito segundo qual alguém, com constante e perpétua vontade, dá a cada qual seu direito”. Sendo assim, temos a seguinte exposição dos tipos de leis, em Tomás de Aquino, que nos revelam quanto o homem necessita sempre de relembrar de ser justo:

Lei Divina Eterna: sendo o plano racional de Deus que estabelece a ordem no Universo, e que existe na mente de Deus que dirige todas as criaturas para a finalidade de sua criação.
Lei Natural: que é a centelha da Lei Eterna que Deus coloca nos corações dos Homens. É visivelmente isso quando em nossa mente surgem coisas como: é proibido matar, roubar, que devemos fazer o bem...etc.
Lei Humana: deriva da Lei Natural, que surge para desviar os Homens do caminho das práticas do mal devido ao mau uso do nosso livre arbítrio.

       O interessante que percebamos é que a Lei Humana e a Lei Natural não podem nunca entrarem em contradição, pois assim deixariam de ser leis, seriam somente palavras jogadas. Contudo, acima da lei Humana está a Lei Divina, esta Lei Divina Positiva que tem por função corrigir as imperfeições da Lei Humana e também a leitura errada da Lei Natural. Um exemplo claro desta Lei Divina Positiva são as Tábuas da Lei que Moisés recebe do próprio Deus e outro exemplo é a Nova Aliança construída pela vinda de Cristo.

       Como vemos, o ser humano é sempre recobrado a lembrar de viver na pureza de seu coração, não amedrontados pelas leis que punem, mas revestidos dos sentimentos de Cristo, que nos convoca a sermos novos Moisés nesta sociedade que ainda teima em escravizar, teima em tirar vantagens dos irmãos que quase sem esperança estão. E somos ainda chamados a recobrarmos as lembranças de que somos estrangeiros neste mundo, como também relembrar o senso de partilha das nossas primeiras comunidades e que tanto nos identificava.

       Enfim, é mais um capítulo do Êxodo do povo de Israel, do povo de Deus quem vem sendo escrito sobre o sangue, escravidão e naufrágios de nossos irmãos. Êxodo dos nossos novos israelitas: mexicanos, venezuelanos, haitianos, sírios. Êxodo e escravidão que necessita de profetas da libertação, não daqueles que vivem em ideologias e que acabam colocando mais perigo e dificuldades na vida de quem já está sofrendo. Mas, homens que estão dispostos a mostrar luzes onde se vê trevas, homens que incentivam o crescimento de quem se acha mísero e que só há vida melhor se sujeitando a um sistema que oprime, mas que ela pode ser também profeta da sua própria libertação, de buscar em Deus a força e somar com a sua vontade de mudar de vida sem se colocar abaixo de outro.

Frei Willames Batista do Nascimento, OFM
Fraternidade Nossa Senhora das Dores – Fortaleza - CE
Professor de Filosofia – Graduado pela Faculdade São Bento da Bahia
Graduando no Bacharelado em Teologia pela Faculdade Católica de Fortaleza
Administrador do Canal “A Arte de Ser” no Youtube


Imagem: Ricardo Moraes - Reuters
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