Esboço histórico dos 365 anos da Província a serviço da Ordem e da Igreja no Brasil

Na comemoração dos 365 anos da Província de Santo Antônio do Brasil, Frei Marcos Almeida faz um resgate histórico sobre a consolidação do franciscanismo no Brasil.

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24.08.2022 12:07:23 | 1 minutos de leitura

Esboço histórico dos 365 anos da Província a serviço da Ordem e da Igreja no Brasil

        Os franciscanos pisam pela primeira vez na Terra da Santa Cruz em 1500. Frei Francisco Gonzaga, no Capítulo Provincial da Província de Santo Antônio de Portugal, cria a Custódia de Santo Antônio do Brasil aos 13 de março de 1584. Aos 12 de abril de 1585, os franciscanos chegaram a Olinda e no dia 4 de outubro, dia de São Francisco de Assis, numa procissão solene acompanhada pela população, autoridades civis e eclesiásticas, se estabelecem no terreno que fora doado por Dona Maria da Rosa no qual se edificaria o Convento São Francisco com a igreja conventual sob o orago de Nossa Senhora das Neves. A expansão ao longo da costa atlântica aconteceu progressivamente à medida que as principais vilas do Brasil pediam que os franciscanos fundassem conventos em suas capitanias. As missões e os conventos, sob a tutela do Padroado Régio, ocuparam as principais atividades franciscanas.

        Aos 18 de abril de 1647, o Papa Inocêncio X conferiu à Custódia de Santo Antônio do Brasil autonomia, separando-a da Província de Santo Antônio de Portugal e, aos 24 de agosto de 1657, o Papa Alexandre VII, a elevou à categoria de Província. Até a época da ocupação holandesa em Pernambuco (1630-1654), a Casa Provincial era em Olinda.

        No primeiro Capítulo Provincial da Província de Santo Antônio do Brasil, aos 5 de novembro de 1659, foi criada a Custódia da Imaculada Conceição do Brasil, com sede na Casa do Rio de Janeiro. Esta Custódia reuniu os nove conventos fundados entre São Paulo e o Espírito Santo. Em 1675, tal Custódia foi elevada a Província da Imaculada Conceição do Brasil. A Província de Santo Antônio do Brasil contava então com os conventos de Olinda (1585), Salvador (1587), Igarassu (1588), Paraíba (1589), Ipojuca e Recife (1606), São Francisco do Conde (1629), Sirinhaém (1639), Paraguaçu (1669), Cairu (1650), São Cristóvão Sergipe Del-Rei (1657), Penedo e Alagoas (1660), e o Hospício da Boa Viagem (Salvador 1710). Durante o século XVIII, vários conventos mantiveram gratuitamente as aulas de gramática para meninos pobres, até que o Governo colonial, em 1785, substituiu os mestres franciscanos por professores leigos. As casas de estudos filosóficos e teológicos eram as de Olinda, Recife, Salvador e, temporariamente, Paraíba. Os Noviciados funcionavam em Igarassu/PE e Paraguaçu/BA para as vocações brasileiras e portuguesas.

        Os Frades Menores se distinguiram também como missionários volantes; eles exerciam o sacerdócio durante os longos peditórios (esmolers) Sertão afora, percorrendo do Ceará ao Piauí, realizando desobrigas e recrutando os fiéis à Ordem Terceira da Penitência. Em todos os conventos, as fraternidades terciárias animavam a divulgavam a vida franciscana. Os franciscanos da Custódia se guiavam pelos Estatutos e regulamentos missionários aprovados pela Província de Santo Antônio de Portugal. No Capítulo Provincial de 1659, decretou-se a elaboração dos Estatutos Provinciais e, em 1683, publicou-se os primeiros Estatutos nesta Província. Em 1709, com a finalidade de renovar os Estatutos, a Província de Santo Antônio do Brasil publicou seus novos Estatutos Provinciais que correspondessem às mudanças operadas nesta Província e no Brasil. Ainda em 1659, o Papa Inocêncio XI transferiu a Casa Provincial de Olinda para Salvador e, em 1691, por ocasião do Capítulo Provincial celebrado na Bahia, esta Casa se torna oficialmente a Casa Provincial até 1941, quando a Cúria Geral Franciscana, em Roma, aprova a transferência da Casa Provincial de Salvador para Recife.

        Durante o tempo do Padroado Régio, esta Província, por um decreto régio, estabeleceu que não houvesse mais de 200 frades na Província. Não obstante, os superiores ultrapassaram este número, de maneira que no ano de 1739 havia já 420 frades (361 Irmãos Clérigos e 99 Irmãos de Vocação Laical). Outro decreto régio de 25 de maio de 1740 proibiu receber noviços até que o número de frades fosse reduzido a 400. No entanto, em 1764, esta Província contava com 470 membros. Em 30 de janeiro de 1764, sob a responsabilidade do marquês de Pombal, um decreto régio proibiu a admissão de noviços durante 14 anos. Proibidos de receber noviços, a secularização de muitos frades e a morte dos idosos, a derrocada no número de frades foi inevitável. Em 1801, havia apenas 158 frades, e em virtude de novas concessões, o número, pôde ser aumentado em 1845 até 227 religiosos. Neste mesmo ano, um decreto de Dom Pedro II proibia a admissão de noviços nas duas Províncias, a de Santo Antônio e a da Imaculada Conceição.  O governo do Império, por decreto de 19 de maio de 1855, informava que ambas as Províncias estavam proibidas admitir noviços. Por decreto da Congregação dos Bispos e Religiosos, de 27 de março de 1886, os sobreviventes das Ordens foram sujeitos à autoridade dos Bispos.

        Em 1886, o último o Ministro Provincial da Província de santo Antônio do Brasil, Frei Antônio de São Camilo de Lelis Carvalho, havia insistido junto ao Ministro Geral da Ordem, em Roma, que as Províncias franciscanas do Brasil fossem restauradas por frades da europeus. Atendido os pedidos deste provincial, aos 12 de dezembro de 1889, a missão de Restaurar a vida franciscana no Brasil ficou a encargo da Província Saxônica da Santa Cruz. Aos 27 de dezembro de 1892, os frades alemães chegaram ao Convento São Francisco de Salvador (Bahia), tendo sido realizada, a 2 de março de 1893, a Congregação Capitular dos antigos e novos frades, quando ficou decretada e iniciada a Restauração da Província da Província de Santo Antônio do Brasil.

        Finalmente, aos 14 de setembro de 1901, o Vigário Geral da Ordem, Frei Davi Fleming, publicou o decreto pelo qual a Província de Santo Antônio do Brasil restaurasse as suas 14 casas e outras cinco foram entregues aos seus respectivos estados (Paraíba, Igarassu, Alagoas, Paraguaçu e Boa Viagem). Outras Casas foram fundadas, a saber: Pesqueira (1902), Igreja Nova (1905), João Pessoa (São Pedro, 1911), outra na mesma cidade (Rosário 1920), Canindé (1922), Fortaleza (1929), Aracaju (1934) Itajuipe (1935), Campo Formoso (1938), Mossoró (1941), Campina Grande (1944), Maceió (1964) e João Pessoa (Cruz das Armas - 1967). Acrescentaram-se, além das Casas acima mencionadas, o Colégio de Bardel (Alemanha) em 1921, o Colégio Seráfico de Ipuarana, em 1940 e as escolas apostólicas de Tianguá (1940) e de Triunfo (1944). No ano de 1951 fundou-se a Residência de Santo Antônio, em Brotas (Salvador), ao lado da Casa de Retiro de São Francisco, construída e dirigida pela província de santo Antônio do Brasil. No ano de 1960, obtida a aprovação da Cúria Romana e com o consentimento da Província da Saxônia, foi fundada em Mettingen (Alemanha) uma Casa com a finalidade de abrir uma Escola Vocacional para vocações adultas adultos. Em 1951, precedida a convenção entre a nossa Província e a Província da Saxônia, um decreto da Cúria Geral desmembrou do território da Província de Santo Antônio do Brasil dos Estados do Piauí e do Maranhão, confiando-os à Província da Saxônia, que ali fundaram a Custódia de Nossa Senhora da Assunção. De 1907 até 1956 a Província de Santo Antônio do Brasil administrou a Prelazia de Santarém (Estado do Pará) e neste tempo ela fundou seis Casas, a saber: Santarém, (1907), Óbidos (1909), Monte Alegre (1910), Alenquer (1930), o Ginásio Dom Amando (Santarém- 1944), entregue à outra administração religiosa em 1951, e Oriximiná (1948). Também nossa Missão entre os índios Mundurucu, no rio Cururu, fundada em 1911, foi entregue ao Comissário de Santarém em 1961, continuando ali dois Missionários nossos. Frei Plácido e Frei Edmundo, na catequese daquela tribo, tendo a Província iniciada outra Missão entre os Tirió em 1960, na Prelazia de Óbidos, elevada à residência a 28 de dezembro de 1964. Desde então, a Província de Santo Antônio do Brasil continuou a sua missão no Brasil ensaiando novas formas de vida e evangelização na Ordem e na Igreja num mundo em movimento acelerado.

Fonte: Frei Marcos Almeida, OFM
Imagem: Arquivo Provincial
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