IDENTIDADE FRANCISCANA: Qual o significado da Minoridade no Carisma Franciscano?

A minoridade está na essência do Carisma Franciscano, o próprio Francisco quis que sua ordem tivesse esta identidade. Frei Bruno Henrique, apresenta pra gente sobre este tema em mais um artigo de uma série sobre nossa identidade

Artigos

29.08.2022 09:56:27 | 1 minutos de leitura

IDENTIDADE FRANCISCANA: Qual o significado da Minoridade no Carisma Franciscano?

      Um dos biógrafos de São Francisco de Assis, o Frei Tomás de Celano, afirma que, quando este santo fundador escrevia a nossa Regra de Vida, disse: “Quero que esta fraternidade se chame Ordem dos Frades Menores” (1 Cel, 38), nos apontando o caminho de que, na sua mais intrínseca essência, o frade menor deve viver as dimensões da fraternidade e da minoridade como aquilo que lhes é mais precioso. Esses são, portanto, dois temas que nos possibilitam inúmeras reflexões, que muitas vezes entrelaçam entre si e que também nos instiga a um constante processo de conversão. No entanto, nos debruçaremos aqui mais na perspectiva minorítica, tentando decifrar o que é a Minoridade na vivência franciscana.

      Poderíamos aqui traduzir Minoridade como uma configuração à Pessoa e ao Projeto de Jesus Cristo que, num processo kenótico, de esvaziamento de Si mesmo, mesmo sendo de condição divina (Fl 2, 6), se inclinou à nossa pequenez. Se folhearmos o Evangelho, veremos que Cristo foi um grande propagador dessa forma de vida desde o seu nascimento. Posto numa manjedoura, foi aquecido pela palha, no lugar onde era posta a alimentação dos animais. Cresceu numa família pobre, filho de um carpinteiro e de uma jovem virgem. Conviveu com prostitutas, pecadores, samaritanos, leprosos... morreu crucificado em meio a ladrões, sem nenhuma dignidade... entregou-Se por inteiro, fazendo-Se, ainda hoje, presente na fragilidade de um pedaço de pão, dando-nos força diante de nossas dificuldades...

      Ser menor nos indica que prepotência, orgulho, vaidade, status, prestígio, no final das contas, não nos leva a lugar algum. Isso Francisco percebeu tão bem que desejou viver aquele conselho de Cristo de que “quem quiser ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos” (Mc 9, 35). Ele deixou-se enamorar por esse Deus tão próximo à gente, que não calculou, nem mediu amor por seus filhos e filhas.

      Creio que seja por isso que minoridade ainda é comparada à água que procura sempre o lugar mais baixo, mais simples para passar e ali escorre calma e tranquila; e mesmo quando encontra um obstáculo, bate de leve, mas passa de lado sem criar maiores problemas.

      Francisco vive essa minoridade despojando-se de si mesmo, beijando o leproso, vivendo no meio deles, renunciando suas vestes e herança diante de todos, abraçando sua sobrevivência com a Providência Divina e desposando a Dama Pobreza... Ele entendeu essa íntima relação com o Cristo crucificado fora dos muros de Jerusalém, com o Cristianismo que nasceu nas zonas periféricas da Galileia com os excluídos da sociedade e com os leprosos exilados fora das muralhas de Assis.

      E agora? O que isso nos impulsiona enquanto franciscanos e franciscanas? O exemplo de vida de São Francisco e, principalmente, de Cristo nos inquieta até que ponto? Como menores, abraçamos uma vida totalmente despojada e que isso deve refletir nas nossas atitudes, no nosso modo de agir, de pensar, de falar... Num mundo tão polarizado, ser menor torna-se agente de mediação para um mundo de paz, de justiça e de solidariedade. Ser menor é carregar as chagas do Crucificado e dos que ainda são crucificados. É sentir-se integrante da Criação e responsável por ela. Por fim, ser menor nos faz irmãos de todos e, ser irmãos de todos, nos faz menores.

Fonte: Frei Bruno Henrique, OFM
Imagem: Frei Lorrane Clementino, OFM
Mais em Artigos
 

Copyright © Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil.
Direitos reservados, acesse a política de privacidade.

X FECHAR
Cadastre-se para
conhecer o
nosso carisma