IDENTIDADE FRANCISCANA: Uma Ordem de irmãos?

Continuamos refletindo nossa Identidade Franciscana neste mês Vocacional Confira netse artigo de Frei Lorrane Clementino mais sobre o que é próprio e que está na essência do carisma franciscano: o chamado a ser irmão.

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12.08.2022 09:25:24 | 1 minutos de leitura

IDENTIDADE FRANCISCANA: Uma Ordem de irmãos?

        A palavra “irmão” é a mais utilizada nos tempos atuais, porém pouco vivida. Nas Sagradas Escrituras encontramos muitas passagens que trazem à tona o seu significado. Por exemplo: "Vós sois todos irmãos" (Mt 23,8) é dito por Jesus para que o reconheçam também como filho de Deus, assim como todos nós, nesta Fraternidade Universal. Se Cristo se coloca como um irmão de todos, não como um Todo-Poderoso, cabe a nós também seguir o seu exemplo. Neste seguimento está o pobrezinho de Assis que reconheceu isso muito bem e ainda foi além ao chamar todas as criaturas de irmão e irmã. 

        O enfoque desta nossa reflexão não é uma eclesiologia ou afirmação teológica do sentido de ser irmão dentro do cristianismo, mas é chamar a atenção para uma vocação que é a essência da nossa Ordem e que por muito tempo deixou de ter significância. Trato aqui da vocação de ser um irmão consagrado na Igreja. Obvio que para ser irmão consagrado é preciso ser um irmão de todos, fora disso não há nenhum sentido na consagração.
   
        Tudo parte da nossa base de fé: o Batismo. É a partir dele que somos animados pelo Espírito Santo para reforçar a Igreja em sua missão dentro de um ministério e carisma específico. O batizado é chamado a viver em fraternidade, comunhão e sempre em missão. Com essa base, a Igreja motiva a consagração em carismas específicos e cada cristão acolhe de acordo com o seu chamado. Fazer memória desse fato, é lembrar a essencialidade de toda e qualquer consagração.

        Como partícipes do Sacerdócio de Cristo, colaboramos em sua missão com as demais vocações. Sendo consagrados, há a dimensão profética que deve ser tomada em conta e deve marcar essa opção radical. Dentro do carisma franciscano, olhando suas raízes, esse é o dom que os irmãos carregam até os dias de hoje.  

        O nome da nossa Ordem já nos lembra quem somos: Frades Menores. A palavra “frade” vem do latim e significa “frater” traduzido por “irmão”. São Francisco começou a chamar todos de irmãos, inclusive toda a criação de Deus. É uma herança, própria de nossa vida e todos que abraçam este chamado devem compreender isso. Essa forma de tratamento foi adotada por outras Ordens, sobretudo mendicantes, e hoje é popular para membros de Congregações e Institutos de Vida Consagrada. Mas me pergunto, será que todos entendem seu significado e vivem realmente como irmãos?

        Viver como um irmão consagrado é viver a fraternidade, raiz da vocação. Viver em fraternidade é estar atento ao grito dos que nos rodeiam. É escutar o grito dos pobres e da terra. Não por regra de vida, mas por opção radical que a consagração exige. Para isso, os irmãos devem preparar-se para os desafios que encontram nesta Fraternidade Universal. Isso se dá nas mais diversas opções no campo eclesial, social, profissional, educativo e em muitos campos.  Por isso é comum vermos irmãos religiosos dedicados em escolas e universidades, movimentos sociais e populares, em diversas áreas profissionais e também em trabalhos domésticos e manuais. 

        Mas sempre não foi assim. Por muito tempo, essa vocação foi reduzida a trabalhos internos nos conventos e a figura religiosa (falo aqui pela nossa Ordem) que era vista, era de clérigos. Os irmãos eram reconhecidos em seus trabalhos manuais, os fazia com muita dedicação, mas pouco opinava na vida fraterna. É de se lamentar. A Ordem onde todos se chamavam de “irmãos” passou a se chamarem de “padres”. 

        Isso vem sendo superado e aos poucos a vocação do irmão vem retomando seu devido lugar. Os irmãos hoje já ocupam espaços importantes na Ordem e já podemos dizer que há voz e vez. A Igreja já vem favorecendo documentos para ajudar na reflexão e fazendo a sua parte para valorizar a riqueza dessa vocação. Tivemos uma passado incompreensível da forma de vida da consagração do irmão, porém estamos com um presente que vem se preocupando e refletindo sobre a fraternidade e acreditamos em um futuro onde tudo isso seja ação real.

        Para os que desejam conhecer mais afundo as origens, histórias, identidade e missão do irmão religioso, sugiro o documento “Identidade e Missão do Religioso Irmão na Igreja” da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica de 2015. 

[CLIQUE AQUI] Para ter acesso a este documento na íntegra

Fonte: Frei Lorrane Clementino, OFM
Imagem: Frei Lorrane Clementino, OFM
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