Ministro Geral em Greccio: esperança, silêncio e fragilidade para viver o Natal
Por ocasião da Solenidade do Natal, o Ministro Geral, Irmão Massimo Fusarelli, presidiu ontem, 24 de dezembro de 2022, à Missa do Galo em Greccio, Itália. Em sua homilia, o frade destacou a necessidade de acolher o Senhor que vem no meio de nós continuará a ser o início de esperança para muitos, no silêncio de muitas vidas e na fragilidade de muitas histórias.
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25.12.2022 16:21:03 | 4 minutos de leitura

Mais uma vez era noite do Santuário Franciscano de Gréccio e foi na Igreja que fica localizado na gruta onde Francisco de Assis criou o primeiro presépio, que o Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores Frei Mássimo Fusarelli presidiu a Missa do Galo acompanhada da comunidade franciscana e de fiéis. O Santuário localizado em cima de pedras se uniu ao céu no canto do glória dos anjos pela noite de Natal, contemplando a pobreza e a humildade do menino que foi colocado em uma manjedoura entre o boi e o burro.
Acompanhe a íntegra a homilia do Ministro Geral:
A noite deste Natal em Greccio é atravessada também pela luz, não das nossas tochas, como no tempo de Francisco, mas da esperança de que sentimos urgente necessidade neste tempo sombrio que vivemos. Esperança como palavra-chave para este Natal. A esperança, sabemos, não é otimismo, mas poder que nos permite ver uma grande luz mesmo quando andamos nas trevas, como cantou Isaías. Esta certeza abre-nos para o futuro, permite-nos perscrutar o horizonte para além da nossa pequena visão.
O nascimento de uma criança é sempre uma nova oportunidade, um novo começo, um motivo de esperança. Este Menino que nasce em Belém no afresco de Greccio tem como manjedoura um pequeno túmulo, porque já é o Ressuscitado, já é aquele que nasceu definitivamente para a vida depois de ter passado pela nossa morte na cruz.
Ele é o Ressuscitado, Aquele que vive para sempre, a razão da esperança cristã. Ele é a verdade e a realidade da existência de cada ser humano, da história.
Acolhemos esta noite esta esperança em silêncio. Aqui está outra palavra-chave de Natal. A Escritura nos diz que, enquanto o silêncio envolvia tudo, a sabedoria de Deus desceu de Seu trono em nosso meio. Deus não age no barulho e no barulho da fama e do sucesso, mas no silêncio dos humildes começos. A página de Lucas nos lembra disso fortemente.
Também precisamos urgentemente de silêncio para alimentar a esperança. Ou seja, o contato com nós mesmos, com os outros; Uma escuta mais profunda e atenta que só o silêncio permite. Precisamos do silêncio para entrar em contato com a nossa interioridade e nele reconhecer a presença amorosa de Deus que nos acompanha e constitui a nossa mais profunda consistência. Podemos encontrar o silêncio novamente?
O silêncio alimenta a esperança, não para nos tornarmos fortes e poderosos, mas para abraçar a nossa fragilidade. Aqui está outra palavra do Natal cristão. São Francisco diz que a Palavra de Deus quis nascer na fragilidade da nossa carne humana. Ao tornar-se homem, escolheu o limite da nossa condição humana, as suas limitações, os seus trabalhos.
O Natal, portanto, significa educar-nos e educar-nos para a fragilidade, aprender a não temê-la e, ao mesmo tempo, a não pensar que nela estamos.
Ouço muitas vezes o lamento de que o Natal tenha ficado sem Jesus e que a sua dimensão religiosa seja agora praticamente invisível. É fácil dizer que é assim. Embora eu me pergunte:
Nós, cristãos, sabemos mostrar com a nossa vida a esperança do Natal, do novo começo deste Menino e da sua vida, que é o início da nossa vida, da nossa ressurreição?
Sabem os cristãos, num silêncio que é atenção e cuidado, acolher, escutar, promover o outro na sua dignidade?
Os cristãos ainda sabem dedicar espaços de silêncio à escuta do Senhor que fala na sua Palavra, dos outros, na criação e nas circunstâncias da nossa vida?
Os cristãos sabem acolher a fragilidade sem julgá-la pelos outros, sem eliminá-la ou evitá-la? Honramos assim a frágil humanidade da nossa carne, que o Senhor escolheu como morada permanente? Em suma, demos coerência de fé ao Natal, mostremos a sua novidade permanente, e o Senhor que vem no meio de nós continuará a ser o início de esperança para muitos, no silêncio de muitas vidas e na fragilidade de muitas histórias. A todos um Feliz Natal de Jesus Cristo na nossa carne mortal, invocando para o mundo o dom da paz na justiça, para uma nova humanidade.
Fonte: OFM.ORG | Comunicação Provincial