No Mistério da Imaculada Conceição de Maria, Santa Beatriz encontra inspiração para o seguimento de Cristo

Neste dia 17 de Agosto a Igreja celebra o dia de Santa Beatriz da Silva, fundadora da Ordem da Imaculada Conceição. Acompanhe um artigo preparado por Ir Maria Cecília que nos apresenta a forma que esta santa franciscana encontrou no mistério da Imaculada Conceição inspiração para seguir mais de perto a Cristo.

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17.08.2022 10:26:53 | 6 minutos de leitura

No Mistério da Imaculada Conceição de Maria, Santa Beatriz encontra inspiração para o seguimento de Cristo

         Santa Beatriz da Silva nasceu em 1437, em Campo Maior, Portugal, em uma família nobre e muito cristã. Desde menina bebeu da fonte carismática um amor entranhado pela Mãe de Deus e escutava com atenção a pregação dos frades franciscanos em defesa do mistério da Imaculada Conceição de Maria. Ainda jovem, foi para corte de Tordesilhas como dama de honra da Rainha Isabel. Estando ela na corte, não deixou que seu coração se apegasse as vaidades que lá existia, seu coração estava voltado para Deus.

          Beatriz passou por um grande sofrimento por parte da Rainha. Contudo, Deus transformou esse seu sofrimento em bênçãos e uma dessas bênçãos está em ela ter experimentado um profundo consolo e proteção da Virgem Maria, a quem sempre teve devoção. Desde então, Beatriz decidiu ir para um mosteiro em Toledo, onde permaneceu por cerca de 30 anos. Em 1484, fundou a Ordem da Imaculada Conceição, conhecida também com o nome de Concepcionistas Franciscanas, e que foi aprovada pelo Papa Inocêncio VIII em 30 de abril de 1489. Santa Beatriz, faleceu em Toledo, no Mosteiro da Conceição a 9 de agosto no ano 1492. A sua beatificação deu-se em 28 de julho de 1926 e sua canonização em 3 de outubro de 1976.

         Santa Beatriz fundou uma família religiosa para honrar, celebrar e contemplar o mistério de Maria em sua Imaculada Conceição. À luz desse mistério, que está sempre ligado estreitamente ao seu Filho, encontrou inspiração para viver o ideal monástico no seguimento de Cristo, na oração, na escuta da Palavra, no louvor perene através da Liturgia das Horas, na disponibilidade e no ocultamente silencioso, à imitação de Maria que “se consagrou totalmente como Serva do Senhor à pessoa e obra de seu Filho” (LG, n.56). Com sua vida, Maria mostrou como uma consagração se transforma em serviço à vida. Por isso, a Imaculada Conceição é para monja concepcionista fonte de inspiração e modelo para viver sua consagração religiosa. Todavia, “o sentido da consagração religiosa vem da consagração de Jesus Cristo a nós (Jo 17,26). Não fomos nós que nos consagramos a Cristo por primeiro; mas respondemos à sua consagração a nós, pois ele se consagrou, dando-nos a vida que recebeu de Deus”.

         Santa Beatriz foi de fato inspirada ao querer fundar uma ordem com o título a Imaculada Conceição no período em que havia confusões doutrinais a respeito da tese imaculista, por parte dos teólogos escolástica que se detém mais em questões abstratas, seguindo os ditames da razão. Mas por fim abrir-se um período de reação contra a doutrina que negava o privilégio da Imaculada Conceição. Foi com Dons Escoto, que finalmente até proclamação dogmática da Imaculada Conceição por Pio IX, a 08 de dezembro de 1854, consegue harmonizar e desfazer a doutrina que negava o Privilégio de Maria, com o argumento fundamental “Potuit, decuit, ergo fecit”. “Deus podia fazer imaculada sua Mãe, era conveniente que a fizesse; logo a fez” Há de lembrar também que os Santos Padres, representantes autênticos da tradição cristã aplicam a Maria os qualitativos de santa, inocente, puríssima, intacta, incorrupta, imaculada. Nesse sentido, “as verdades da fé sobre a Imaculada Conceição, já estava presente no povo de Deus e em Beatriz, mas a teologia ainda não tinha encontrado a chave para a interpretar na totalidade da doutrina da fé” (cf. Bento XVI, O sobrenatural sensus fidei é “magistério que precede” “n.p.”). Portanto “o que a teologia imaculista defendia nas cátedras e nos púlpitos, o Espírito, servindo-se de Beatriz, o converteu em projeto de vida para as Irmãs da nova Ordem”. (Regra e Constituições Gerais, p.37).

         No desencadear da história e acontecimentos, havia uma “semente escondia” que Deus fizera florescer e enriquecer com o dom de um carisma, que é fruto do Espírito Santo, a Ordem a Imaculada Conceição. “A Imaculada demostra que a Graça é capaz de suscitar uma resposta, que a fidelidade de Deus sabe gerar uma fé verdadeira e boa” (Angelus, Bento XI). A Imaculada, ideal de Santa Beatriz, é para a monja modelo para que ela também possa se abrir e responder a graça de Deus e ao serviço de seu Reino em sua vocação de vida contemplativa. Por isso, as que são iluminadas e chamadas por Deus para essa vocação sublime, seguem a Cristo mais de perto e que pela profissão dos conselhos evangélicos encontra Nele a razão do existir e de estar no mosteiro.

         Com o olhar contemplativo, seguindo as pegadas de sua fundadora, a concepcionista encontra no carisma, na espiritualidade, na Regra e Constituições, no hábito da Regra um vínculo estreitamente forte para com aquela que Deus olhou com um olhar de predileção, na sua simplicidade e humildade faz acontecer com o seu “sim” o Mistério da intervenção de Deus na história. “Quis, porém, Deus que a encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser a Mãe de seu Filho” (LG, n.56). “Maria é a Imaculada por um dom gratuito da graça de Deus, mas que nela encontrou perfeita disponibilidade e colaboração”. (Angelus, Bento XI).

         Ao honrar, celebrar e contemplar o mistério da Virgem Maria em sua Imaculada Conceição, a concepcionista tem presente que não se trata de uma simples devoção, mas sim, em reconhecer “a excelência da Mãe de Deus, com uma filial confiança em seu amor maternal, e à imitação das suas virtudes” (LG, n.67). Como Santa Beatriz que “ao contemplar Maria à luz do Verbo feito homem” encontrou traços para sua consagração religiosa. Deste modo, nas vicissitudes do tempo e da história, as Irmãs atualiza o carisma inspirado a Santa Beatriz, e com a Igreja, contempla a “santidade misteriosa de Maria, imitando a sua caridade, e cumprindo fielmente a vontade do Pai, pela palavra de Deus fielmente recebida torna-se também, ela mãe: pela sua vida dedicada à oração, na contemplação, na vivência diária da consagração e pelo batismo gera, para uma vida nova e imortal os filhos concebidos do Espírito Santo nascidos de Deus” (cf.LG, n.64).

Fonte: Irmã Maria Cecília OIC | Mosteiro da Imaculada Conceição e São José de Fortaleza-CE
Imagem: Frei Lorrane Clementino, OFM
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