Penúltimo dia de retiro é marcado por um convite a sermos misericordiosos como o Pai
22.07.2022 23:00:04 | 3 minutos de leitura

O penúltimo dia de nosso retiro foi um convite a olhar para a misericórdia de Deus. O caminho que seguimos nos ajudou a compreender a grandeza de Deus que também se expressa na santa humildade que lhe faz encarnar no ceio da Virgem e ser luz para o mundo. Ele mesmo quis perpetuar essa presença e se deu a nós por meio da Eucaristia. Esse é um profundo e perene gesto de amor, como refletíamos ontem. Todas essas formas que Deus encontra para estar sempre com o seu povo é manifestação de um amor que não se condiciona e por não se condicionar, faz-se misericórdia.
Qual é o rosto de Deus, então? A parábola do filho pródigo (Lc 15,11-32) nos ajuda a compreender que Deus está, à semelhança do pai do texto bíblico, sempre pronto a nos receber, ainda que tenhamos saído de sua presença. Sua espera é amorosa, confiante, típica de quem entende que o filho pode voltar a qualquer momento. É assim que a parábola indica estar o homem. Ele viu o filho de longe, como quem estava esperando sua chegada e festeja. Como é, então, o nosso Deus? Deus é misericórdia e esse é o seu rosto. Não podemos fazer uma experiencia de fé no Deus de Jesus Cristo sem essa compreensão. O próprio “Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai” (Papa Francisco em Misericordiae Vultus).
Nesses dias, o nosso esforço, naturalmente, reside em reorientar o nosso caminho para uma intimidade verdadeira com Cristo. Podemos correr o risco de estar perto do Senhor, como Frades Menores, mas não sermos íntimos Dele. Uma intimidade autentica é aquela que consegue fazer com que a vida manifeste a vida do Mestre. Somos chamados a ser como o Senhor. “A vida é dom tão grande que nós temos dificuldade de administrar”, recordava Frei Inácio Delazzari quando nos falava que essa realidade é resultado de um distanciamento de uma busca constante de assemelhamento ao Deus de Jesus Cristo. Se o rosto de Deus é a misericórdia, somos nós também chamados a ser misericordiosos. “Ter misericórdia é um gesto autêntico de Deus”.
A vida de Francisco faz reluzir isso. Já falamos, ao longo dessas partilhas de nosso retiro, daquela experiencia de Francisco com o leproso (conf. Testamento 2). O gesto de Francisco é típico de quem vive a misericórdia. Esse é o chamado de todos nós cristãos esse deve ser o nosso rosto, o rosto do nosso carisma. Que sejamos capazes de dar misericórdia.
Quantos de nós nos afastamos da possibilidade de viver a misericórdia? Quantos buscam a graça do perdão e são afastados por um olhar que condena, que não acolhe? Essa é uma questão que deve estar presente em nossa vida, nos ajudando a viver uma conversão constante, mas também deve ser um olhar pastoral que é capaz de olhar para a realidade da Igreja e fazer sempre a opção pela misericórdia. Peçamos ao Senhor que Ele, pela graça de seu Espírito, nos auxilie no propósito de sermos homens e mulheres de misericórdia, só assim a nossa Igreja também poderá ganhar esse rosto.