SERMÃO DE SANTO ANTÔNIO: A purificação de Nossa Senhora

Acompanhe um Sermão de Santo Antônio dedicado sobre a Purificação de Nossa Senhora que celebramos tradicionalmente na Festa da Apresentação do Senhor no dia 2 de Fevereiro.

Sermões

31.01.2023 08:09:50 | 33 minutos de leitura

SERMÃO DE SANTO ANTÔNIO: A purificação de Nossa Senhora

1. "Depois que se completaram os dias da purificação de Maria, segundo a lei de Moisés, levaram o menino a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor.." (Lc 2,22).

Neste evangelho consideramos três eventos: a apresentação de Jesus no templo, a realização das esperanças do justo Simeão e sua bênção profética.

I - A APRESENTAÇÃO DE JESUS CRISTO

2. "Depois que se completaram os dias da purificação de Maria" etc. Sobre esta primeira parte do evangelho podem ser feitas três aplicações morais e considerar: a purificação da alma, o seu oferecimento e, por último, seu ingresso no templo do céu.

Antes de mais nada, porém, ouçamos a Escritura: "O Senhor falou a Moisés (Lv 12,1-2): Se uma mulher, tendo concebido, der à luz um menino, será impura sete dias", excetuada aquela que deu à luz permanecendo virgem. Portanto, nem o Filho nem a Mãe tinham necessidade de ser purificados com sacrifícios, mas o fizeram somente para que nós fôssemos libertados do temor da lei, isto é, da observância da lei, que era observada somente por medo.

Estava estabelecido que no oitavo dia (do nascimento) o menino fosse circuncidado, e que trinta e três dias depois da circuncisão fosse levado ao templo e que por ele fossem oferecidos sacrifícios, isto é, um cordeiro de um ano. Mas quem não tinha a possibilidade de ter um cordeiro, oferecia duas rolas, ou dois pombinhos. Além disso, Josefo [Flávio] escreve: O primogênito era resgatado com cinco siclos.

A Virgem Maria, sendo pobrezinha, fez a oferta dos pobres pelo filho pobre, para que em tudo se manifestasse claramente a humildade do Senhor.

Lá onde se diz: "Todo o varão primogênito" etc. (Lc 2,23), a lei deve ser entendida segundo o que se diz no Livro do Êxodo: "Reservarás para o Senhor todo o primogênito desde o seio materno; todo o primogênito dos animais, se for do sexo masculino, pertence ao Senhor" (Ex 13,12). Por isso, os primogênitos dos filhos de Levi eram oferecidos ao Senhor [e não eram resgatados] e serviam permanentemente ao Senhor. Os primogênitos dos outros eram oferecidos e resgatados. Os primogênitos dos animais, aptos a serem imolados, constituíam as ofertas destinadas aos sacerdotes. Dos primogênitos dos animais imundos, não oferecidos, alguns eram resgatados, como, por exemplo, o primogênito do jumento que era substituído com a oferta de uma ovelha; outros não eram resgatados, mas eram mortos, como, por exemplo, o primogênito do cão.

3. "Depois que se completaram os dias da purificação de Maria." Maria, nome que significa "iluminada", ou "mar amargo", ou também "senhora", representa a alma do justo, iluminada no batismo; é mar amargo pela contrição do coração e as aflições do corpo, e será senhora no reino, quando for unida ao eterno Soberano.

Entretanto, enquanto estiver no exílio, tem necessidade de purificação, porque se mancha com muitas impurezas. De fato, diz o Eclesiástico: "Purifica-te, oferecendo as costas (das vítimas), e purifica-te da tua negligência com os poucos" (Eclo 7,33-34). Purificar significa deixar o solo limpo, depois de ter removido toda a impureza. Purifi-ca-te antecipadamente, isto é, antes de ser julgado, oferecendo as costas, isto é, com as obras de misericórdia; e da negligência em relação aos mandamentos purifica-te com «os poucos": afinal, são poucos os que se preocupam de purificar-se de tais negligências.

Lê-se na História natural que as pombas removem e lançam fora dos ninhos o esterco de seus filhotes e mantêm o ninho limpo; e quando os filhotes crescem, ensinam-lhes a fazer o mesmo. Assim também os justos purificam suas impurezas e as de seus súditos, e ensinam-lhes a fazer o mesmo. De fato, lemos em Jeremias: "Ensinai a vossas filhas cânticos lúgubres e cada uma à sua vizinha os cantos das lamentações. Porque a morte entrou por nossas janelas, introduziu-se em nossas casas" (Jr 9,20-21). É como se dissesse: O pecado mortal entra na alma através dos sentidos do corpo, mas é rejeitado por meio da medicina, ou seja, com o lamento da penitência. Quando alguém se sente pesado por alimentos malsãos, para libertar-se toma um purgante. Sobre isso diz o Eclesiástico: "O Senhor criou os medicamentos da terra e o homem prudente não os despreza" (Eclo 38,4). A terra é nossa carne; os medicamentos representam a penitência.

Da carne da serpente chamada thirus faz-se a teriaga (contraveneno), e da nossa carne vem a medicina da alma, isto é, a penitência. E o homem prudente, quando se sente oprimido pela pestilência do pecado, nunca se recusa a tomar aquela medicina (a penitência), mesmo que seja amarga, porque através da bebida amarga chega-se à alegria da cura. É uma grande insensatez perder a saúde e correr o risco de morrer, recusando um pouco de amargura. Lemos no Livro dos Provérbios: "Isso não vale nada, isso não vale nada, diz todo o comprador; mas ao se retirar, então se gloriará" (Pr 20,14). Também o doente diz: "Esta bebida é demasiadamente amarga de se beber" (Is 24,9); mas quando a doença se afastar, então se gloriará. E assim faz também o pecador que diz: A penitência é amarga; mas quando a alma for purificada da culpa, então se gloriará na glória celeste.

4. "Depois de se cumprirem os dias da purificação de Maria." A alma assim purificada, assim limpa, deve oferecer "um par de rolas, ou dois pombinhos" (L‹ 2,24). Nas duas rolas são representadas duas espécies de castidade; nos dois pombinhos, duas espécies de compunção (arrependimento). Falemos de ambos.

A rola, por causa de seu canto, é chamada de ave pudica. Se ficar sem seu companheiro, não se une a outros, mas anda solitária e gemente. Ama a solidão. No inverno, desce para os vales e se refugia, quase sem penas, nas cavidades das árvores; no verão, porém, sobe à montanha e ali procura uma morada. Da mesma maneira, o verdadeiro penitente, purificado pela mortificação da mente e do corpo, já não tolera convivência alguma com o pecado mortal, porque, como diz Isaías, "o leito é tão estreito que um dos dois há de cair, e o cobertor é tão curto que não pode cobrir a ambos" (Is 28,20). É como se dissesse: A consciência do justo é tão estreita, pelo temor de Deus, que o diabo não encontra ali lugar para o repouso, porque os santos, como diz Jó, "que amaldiçoam o dia", isto é, a prosperidade mundana, "estão prontos para suscitar o leviatã" (Jó 3,8); e o cobertor da graça divina, embora seja muito grande, parece ao justo sempre curto e estreito, de maneira que não pode cobrir duas pessoas, isto é, o esposo e o adúltero, quer dizer, Cristo e o pecado mortal.

Além disso, o justo, enquanto vive neste corpo, está no exílio, distante do Senhor (cf. 2Cor 5,6), isto é, está privado de seu amado; e por isso, vaga solitário, não se confunde com a turba turbata (agitada), mas anda gemendo e diz: "Senhor, diante de ti está todo o meu desejo, e o meu gemido não te é oculto" (SI 37,10); ama a solidão da mente e do corpo, e portanto diz: "Eis que me afastei fugindo, e permaneci no deserto" (SI 54,8). Durante o inverno da mísera condição presente, sem as penas das coisas temporais, contenta-se com as coisas humildes; mas quando chega o verão do eterno esplendor, então voará para as alturas da pátria celeste.

A pomba tem como canto o gemido, porque todo o seu interior está cheio de fel e, portanto, parece que se lamenta pelo excesso de amargura. No entanto, alguns sustentam que a pomba não tem fel: realmente, não o tem no mesmo lugar que as outras aves; escolhe sempre o grão puro; habita sobre as águas correntes para defender-se do falcão; faz o ninho nas fendas do rochedo. Assim o penitente prorrompe em gemidos de dor, porque é todo cheio da amargura da contrição. Com efeito diz: "Pio como uma andorinha, gemo como uma pomba" (Is 38,14).

Lemos na História natural que se a um filhote de andorinha forem extraídos os olhos, eles voltam novamente. O penitente, tendo perdido o olho do amor divino, lamenta-se e pede para recuperá-lo. Na amargura de sua alma, ele recorda os anos de sua vida (cf. Is 38,15), não retribui mal com mal; não vive das coisas mortas da rapina, antes, dá o que é seu aos outros; esforça-se por tirar ao diabo os pecadores e nutri-los com o alimento da vida eterna; escolhe só o grão puro da fé católica; detém-se sobre as águas correntes das lágrimas para defender-se da fraude do diabo; refugia-se nas chagas de Cristo, nas quais constrói o ninho da esperança e coloca ali seus filhotes, isto é, suas boas obras.

A Glosa faz aqui uma aplicação diferente: "Quem não dispõe de um cordeiro [para o resgate], isto é, das riquezas de uma vida inocente, recorra às lágrimas da compunção, que são representadas nos gemidos da rola e da pomba. Há duas espécies de compunção: aquela causada pelo medo dos castigos ameaçados pelos pecados, e aquela que sentimos quando, ardendo no desejo dos bens celestes, gememos para que os castigos nos sejam adiados. E, portanto, é-nos ordenado que ofereçamos duas rolas Ou dois pombinhos: um em holocausto, quando somos inflamados de amor pelos bens celestes; o outro pelo pecado, quando choramos pelas culpas cometidas. Por outro lado, "os primogênitos" representam o bom início de nossa atividade, que carregamos, por assim dizer, no coração e que devemos atribuir à graça de Deus. As obras más, porém, somos exortados a expiá-las com os frutos da penitência. Enfim, os cinco siclos, com os quais resgatamos o nosso primogénito, consistem em condoer-nos do nosso passado, em expô-lo claramente na confissão, em participar nos sofrimentos do próximo, em temer todas as coisas do mundo e em perseverar até o fim.

Quem for purificado desse modo, quem for oferecido com tais sacrifícios e resgatado a tal preço, sem dúvida, será acolhido por mão dos anjos no templo do céu.

II - O CUMPRIMENTO DAS ESPERANÇAS DO JUSTO SIMEÃO

5. "Havia então em Jerusalém um homem chamado Simeão" (Lc 2,25). Simeão interpreta-se "que ouve a aflição" (cf. Gn 29,33) e representa o penitente que, quer coma, quer beba, quer faça qualquer outra coisa, sempre ouve a terrível voz que diz: "Ressurgi, Ó mortos, e vinde ao juízo!", e diz com Jó: "Eu já te ouvi com a audição do ouvido, mas agora te vejo com meus olhos. Por isso, acuso-me a mim mesmo e faço penitência no pó e na cinza" (Jó 42,5-6). Observa que não é dito "com o ouvido", mas "com a audição do ouvido". O insensato, como o jumento, ouve somente o som da palavra de Deus; o sábio, porém, percebe sua força e a conserva no coração.

Lê-se na História natural que se as orelhas dos cervos estiverem levantadas, eles ouvem com muita agudez; porém, se estiverem abaixadas, não ouvem nada. Os que são do mundo dirigem os ouvidos para o mundo e, portanto, não estão em condições de ouvir as coisas de Deus. "Por isso vós não ouvis: porque não sois de Deus" (Jo 8,47). Os justos, porém, sendo de Deus, dirigem o ouvido para o alto para ouvir a aflição. "A aflição é uma dor silenciosa" (Isidoro). "Com a audição do ouvido ouvi" que pregavas: "Fazei penitência!" (Mt 4,17). "Agora, porém, vejo-te com os meus olhos" pendente da cruz. E também: "Ouvi-te" afirmar no juízo: "Tive fome e me destes de comer.." (Mt 25,35); "agora meu ouvido te vê" sentado, em aspecto terrível, sobre o trono da tua majestade, e portanto acuso-me na confissão "e faço penitência" na humilhação da mente e na aflição do corpo.

O justo Simeão está em Jerusalém, porque sua morada está nos céus. Ele era um "homem justo e temente a Deus, e esperava a consolação de Israel. E o Espírito Santo estava nele" (Lc 2,25-26). Diz-se "justo", porque respeitava os direitos dos outros e Vivia segundo a lei. O temor servil consiste em abster-se do mal por causa do castigo, e não pelo prazer da justiça. A caridade expulsa o temor, quando a iniquidade não atrai, nem se lhe for proposta a impunidade. O temor casto, porém, é aquele que a alma tem de perder a própria graça: a graça que a fez não encontrar mais prazer em pecar; é o temor que a graça a abandone, mesmo se não for punida com nenhum Castigo. A caridade nunca expulsa esse temor, porque ele dura para sempre (cf. SI 18,10). Aqueles que ainda são peregrinos devem ter o temor maior; menor será aquele dos proficientes, isto é, daqueles que estão próximos à meta; nulo, o daqueles que já chegaram. O penitente, pois, é justo para si mesmo, temente em relação a Deus, e no temor filial espera não tanto a sua consolação quanto a do próximo. E assim a graça do Espírito Santo está nele e de sua inspiração recebe a promessa segura, que não verá a morte eterna, mas contemplará Cristo face a face.

Portanto, "movido pelo Espírito, Simeão foi ao templo" (Lc 2,27). Templo significa "teto amplo": o teto protege e, sendo amplo, acolhe a multidão. O templo representa o amor a Deus e ao próximo: o amor a Deus protege, o amor ao próximo acolhe. Em tal templo, ninguém pode entrar a não ser em espírito: não na carne, porque é o espírito que vivifica, "e o Espírito é Deus" (Jo 4,24); a carne, porém, não aproveita para nada (cf. Jo 6,64).

6. E Lucas continua: "E levando os pais o menino Jesus, para cumprirem as prescrições da lei a seu respeito" (Lc 2,27). Observa que diz "o menino Jesus" (puerum Iesum) e não "o Jesus menino" (lesum puerum). Comenta a Glosa: Já que a puerícia começa depois dos sete anos da infância, com frequência Jesus é chamado puer (ser-vo) não tanto pela idade quanto pelo serviço. Donde diz o profeta: "Eis o meu servo" (Is 42,1; Mt 12,18); porque "o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir" (Mt 20,28). Portanto, para nós ele foi sobretudo servo, que nos serviu, conforme aquilo que diz Isaías: "Tu me tornaste como um escravo com teus pecados e me causaste pena com as tuas iniquidades" (Is 43,24). Serviu-nos fielmente por trinta e três anos; depois trabalhou tanto por nós a ponto de suar sangue e, finalmente, por nosso amor enfrentou a morte.

Ó caríssimos, que recompensa poderemos dar a um servo tão fiel? "O que poderá ser proporcional a seus serviços?" (Tb 12,2). Certamente poderemos dizer-lhe como Tobias a Rafael: "Ainda que eu me entregasse a ti como escravo, não poderia corresponder dignamente aos teus cuidados" (Tb 9,2). E, infelizes de nós, que recompensa lhe demos? No-lo disse ele próprio: "Retribuíram-me o bem com o mal, uma desolação para a minha alma" (SI 34,12), porque não permitimos que o sangue de sua paixão desse fruto em nós. Por isso, [Jesus] deu sua vida para conquistar a nossa; mas nós o privamos desse fruto [de sua paixão], quando com o pecado mortal entregamos nossa alma ao diabo.

Com razão, pois, diz "o servo Jesus" (puerum Iesum), porque primeiro nos serviu e depois nos salvou. E ninguém há de ser Jesus, isto é, salvo, se antes não for puer, isto é, servo.

III - A BÊNÇÃO DE SIMEÃO

7. "Simeão o tomou em seus braços» (Le 2,28). Grande humildade a do Salvador! Aquele que não é contido pelo espaço, é sustentado pelos braços de um idoso. O velho homem toma o menino, ensinando-nos a despojar-nos do homem velho, que se corrompe, e a vestir aquele que foi criado segundo Deus (cf. C1 3,9-10). Carrega Cristo nos braços, aquele que acolhe a palavra de Deus não apenas com a boca, mas também com as obras da caridade, como fazia Jó quando dizia: "Lacero as minhas carnes com meus dentes, e trago a minha vida nas minhas mãos" (Jó 13,14). Os dentes, assim chamados porque de certo modo dividem (dividentes), são as censuras e as acusações da confissão, com as quais o justo lacera suas carnes, isto é, seus pecados carnais e, desse modo, carrega sua alma nas mãos de suas obras, pronto a restituí-la 20 seu Criador, em qualquer momento que voltar a pedi-la; e então, com Simeão bendirá a Deus: "Agora, Senhor, podes deixar teu servo partir em paz segundo a tua palavra" (Lc 2,29).

O servo que serviu por muito tempo e que por muito tempo trabalhou, é pelo Senhor deixado em paz segundo a palavra da paz. Também Estêvão "adormeceu no Senhor" (At 7,60). Com efeito, esta é a palavra do Senhor: Vinde a mim vós todos que estais cansados e oprimidos, e eu vos darei descanso (cf. Mt 11,28). Por isso, segundo a tua palavra, deixa agora ir em paz o teu servo. Eis o puer e Jesus, eis o servo e a salvação, porque é deixado ir em paz. Agora deixa-me ir, porque até agora trabalhei, até agora esperei, mas agora, isto é, no fim de minha mísera condição presente, deixa, Senhor, que teu servo vá em paz.

Sobre isso lemos em Jó: "Quem deixou livre o onagro, o asno selvagem, e quem soltou suas amarras? A ele dei por casa o deserto, por morada, a terra estéril" (Jó 39,5-6). O onagro é o penitente, ao qual Deus, no presente estado de miséria, dá a casa no deserto da mente e uma morada de batalha, onde combate e é combatido na amargura do coração. Dessas duas coisas fala Jeremias: Impelido por tua mão, eu estava sentado solitário, porque me havias enchido de amargura (cf. Jr 15,17). Aquele ao qual Deus dá tais coisas nesta vida, na morte o deixa livre da culpa e lhe solta as correntes do castigo. "Agora, pois, deixa que o teu servo vá em paz, segundo a tua palavra."

8. "Porque meus olhos viram a tua salvação" (Lc 2,30). Observa que Deus é visto de três modos: nesta vida, é visto com a fé, e é visto com a contemplação; na pátria, será visto face a face. Aqui temos três elementos: o ar, a água, a terra. A História natural diz que as aves, que voam no ar, têm necessidade de uma vista aguda, porque assim, mesmo a grande altura, podem procurar e ver seu alimento. Os olhos dos peixes, porém, são úmidos (molhados), porque é necessário que tenham uma visão larga, por causa do espessor das águas. Mas as aves que não voam, que permanecem sempre em terra, como a galinha e semelhantes, não têm necessidade de vista muito aguda. Os pássaros do ar são figura das milícias angélicas no céu, que, nas alturas da pátria celeste, com vista aguda e penetrante, contemplam a Deus, seu alimento, "no qual [diz-se] os anjos desejam fixar o olhar" (1Pd 1,12). Os peixes nas águas são os contemplativos em pranto. Os olhos molhados são as contemplações da alma devota: eles têm uma vista ampla, por causa do espessor das águas, isto é, da própria contemplação; realmente, ela é tão inacessível que não pode ser penetrada se o contemplativo não for dotado de uma vasta visão de devoção. Só então seus olhos veem a salvação de Deus. As aves que permanecem em terra representam aqueles que levam vida ativa; eles, como as galinhas, nutrem seus filhotes. Estes não têm uma vista muito aguda: no entanto, também eles veem a salvação de Deus.

"Que preparaste ante a face de todos os povos" (L c 2,31). Concorda Isaías quando diz: "O Senhor preparou seu santo braço à vista de todos os povos" (Is 52,10). O braço do Pai é o Filho, que está pronto a abraçar o filho pródigo que retorna a ele. Diz Lucas: "Correu-lhe ao encontro, lançou-lhe os braços ao pescoço e o beijou" (Lc 15,20). Na primeira vinda, o Pai apresentou o Filho a todos os povos, para que cressem nele e o amassem; na segunda vinda, apresentá-lo-á para que todos os povos o vejam (cf. Ap 1,7), e ele retribua a cada um segundo as suas obras (cf. Mt 16,27; Rm 2,6). "Luz" é o próprio Salvador, por meio da graça, na vida presente "para iluminar os povos" (Lc 2,32). Por isso, o Pai, por boca de Isaías, diz: "Eu te estabeleci como aliança do povo e luz das nações, para abrires os olhos aos cegos" (Is 42,6-7); e Jó: "Tira os segredos das trevas e traz à luz a sombra da morte" (Jó 12,22). Esse menino, que é luz na vida presente, no futuro será "a glória do seu povo, Israel" (Lc 2,32), isto é, daqueles que veem a Deus. Digne-se conceder-nos essa glória aquele que é bendito nos séculos. Amém.

IV - SERMÃO ALEGÓRICO

9. "A abelha é pequena entre os seres que voam, mas seu produto tem a primazia entre todos os sabores doces." É uma sentença do Eclesiástico (Eclo 11,3).

A História natural diz que a abelha gera sem coito, porque a força geradora está nela. A abelha de boa raça é pequena, redonda, sólida e compacta. A abelha é mais limpa do que os outros voláteis ou animais e, por isso, o mau cheiro a perturba, enquanto o cheiro bom a atrai. Não afugenta animal algum e quando voa não procura flores diferentes e não passa de uma flor a outra, saltando alguma delas, mas segundo sua necessidade faz a coleta numa flor e depois retorna para a colmeia. Seu alimento é o mel, porque vive daquilo que produz. Faz a casa na qual possa habitar o rei (a rainha) das abelhas. E sobre as paredes da colmeia começa a construir do alto, e nunca cessa de trabalhar, descendo pouco a pouco até chegar na parte mais baixa.

Assim a Virgem Maria, Senhora nossa, gerou o Filho de Deus sem união carnal, porque o Espírito Santo desceu sobre ela e o poder do Altíssimo estendeu sobre ela a sua sombra (cf. Le 1,35). Essa boa abelha foi pequena pela humildade, redonda pela contemplação da glória celeste, que não tem princípio nem fim, sólida pela caridade - aquela que por nove meses carregou no seio o Amor não podia ser sem amor - compacta pela pobreza, mais pura do que todos pela virgindade. Por isso o mau odor da luxúria, nem se deveria nomeá-lo, causa-lhe repugnância, enquanto a delicia o suave perfume da pureza e da castidade. Portanto, quem deseja agradar à Bem-aventurada Virgem Maria afugente a luxúria e pratique a pureza. Não foge de animal algum, isto é, de nenhum pecador, antes, acolhe a todos que a ela se dirigem e, por isso, é chamada Mãe da misericórdia: misericórdia para os miseráveis, esperança para os desesperados.

Diz o esposo do Cântico dos Cânticos: "Eu sou a flor do campo, o lírio dos vales" (Ct 2,1). A Virgem Maria escolheu esta flor, deixando todas as outras, a clã se uniu e dela recebeu tudo aquilo de que necessitava. E Nazaré, onde concebeu, interpreta-se "flor", e lugar por ela escolhido entre todos os outros. Com efeito, a flor que brota da raiz de Jessé (cf. Is 11,1) ama a pátria que produz flores. O alimento da Virgem Maria é o seu Filho, mel dos anjos, doçura de todos os santos. Vivia daquele que nutria e aquele ao qual ela oferecia o leite dava a ela a vida.

Essa boa abelha preparou a casa, isto é, sua alma, com a humildade, seu corpo com a virgindade, a fim de que naquela casa pudesse morar o rei dos anjos. Observa que a abelha começa a construir do alto. Também Maria começou a construir não de baixo, isto é, diante dos homens, mas do alto, na presença da divina majestade; e pouco a pouco, com discrição e ordem, chegou a ser conhecida pelos homens: e assim, aquela que já era eleita diante de Deus, tornou-se admirável também diante de todos os homens.

10. "Pequena entre os seres que voam é a abelha." Embora na Virgem Maria refuljam muitíssimas virtudes e todas em sumo grau, entre todas a humildade foi a maior. Por isso, quase esquecida das outras, manifesta antes de mais nada a humildade quando diz: "Ele olhou para a humildade de sua serva" (Le 1,48); por isso se diz: pequena entre os seres que voam. Os seres que voam, isto é, seus méritos, voam até o mais alto dos céus. Com efeito, dela se diz: "Muitas filhas reuniram riquezas", isto é, praticaram as virtudes, "mas tu as superaste a todas" (Pr 31,29), porque mais do que todas voaste para o alto. E mesmo sendo repleta da riqueza de tantas virtudes e exaltada pela abundância de tantos méritos, foi pequena, isto é, humilde, a nossa abelha, que hoje, no templo, ofereceu a Deus Pai o foro, isto é, o Verbo encarnado, aquele que é Deus e homem.

No favo existe o mel e a cera, em Jesus menino, a divindade e a humanidade. A História natural nos diz que o mel bom vem da cera nova, e que o mel bom é semelhante ao ouro. A cera nova é a carne de Cristo, tomada da carne puríssima da Virgem gloriosa: nela existe o mel da divindade, indicada pelo ouro. De fato, está escrito: "A cabeça do amado é ouro puríssimo" (Ct 5,11). "Cabeça de Cristo é Deus" (1Cor 11,3). E por isso, hoje, nós levamos em procissão as velas, acesas no novo fogo, quase repetindo a procissão que hoje fizeram Maria e José, levando ao templo Jesus menino, e Simeão e Ana, profetizando e cantando louvores.

Dessa procissão diz o salmo: "Misericórdia e verdade se encontraram, justiça e paz se beijaram" (SI 84,11). A misericórdia da nossa salvação está no Redentor; a verdade da promessa está em Simeão, ao qual o Espírito Santo tinha prometido que não veria a morte antes de ver Cristo Senhor (cf. Le 2,26); a justiça (a santidade) está em Maria e José; a paz está na profetisa Ana, que nunca se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia com jejuns e orações (Lc 2,37). Eis, pois, que hoje a misericórdia foi ao templo e a verdade lhe foi ao encontro, porque Simeão acolheu Jesus menino e ali a justiça e a paz se beijaram. No beijo, deve-se notar a unidade e a concórdia: isso que Maria e José criam, também Ana o professou, e assim foram unidos num só espírito.

Observa, além disso, que na vela existem três elementos: a cera, o pavio e a chama. A cera é a carne de Jesus Cristo; o pavio é sua paixão; a chama de fogo é o poder de sua divindade. "Adorna a tua morada, ó Sião, e acolhe Cristo, o teu Rei" (Liturgia da Purificação), porque hoje o representas na vela, assim possas também levá-lo na tua alma. Na cera é representada a pureza do espírito, no pavio, a fraqueza da carne, na chama, o ardor da caridade. Quem leva a vela com esses sentimentos, revive dignamente o evento. Por isso, glória e honra à Abelha virgem, que hoje ofereceu a Deus Pai o Favo.

Além disso, dele se diz: "Seu produto detém o início da doçura". O produto da abelha simboliza o Filho da Virgem. Está escrito: "Bendito o fruto do teu ventre" (Lc 1,42), e "Seu fruto é doce ao meu paladar" (Ct 2,3). Esse fruto detém o início da doçura, mas detém também o meio e o fim, porque foi doce no seio, doce na manjedoura, doce no templo, doce no Egito, doce no batismo, doce no deserto, doce na palavra, doce no milagre, doce montado no jumentinho, doce na flagelação, doce sobre a cruz, doce no sepulcro, doce nos infernos e infinitamente doce será na glória do céu.

Ó doce Jesus, o que existe mais doce do que tu? Tua memória é mais doce do que o mel e do que todas as outras doçuras. Teu nome é nome de doçura, nome de salvação. O que significa Jesus senão Salvador? Ó bom Jesus, sê para nós Jesus por causa de ti mesmo, para que tu, que nos deste o início da doçura, isto é, a fé, nos dês também a esperança e a caridade, a fim de que, vivendo e morrendo nelas, mereçamos chegar a ti.

Pelas preces de tua Mãe, concede-nos isto tu, que és bendito nos séculos. Amém.

V - SERMÃO MORAL

11. "Pequena é a abelha entre os animais que voam." O nome abelha deriva de a privativo, que significa sem, e pés, pé, porque parece nascer sem pés. Ou as abelhas se chamam assim porque ligam-se entre si com os pés.

Diz a História natural que a abelha pequena trabalha mais e tem quatro asas sutis, sua cor é escura e é como que queimada. As abelhas ornadas [mais belas] pertencem ao número daquelas que não fazem nada: andam solitárias, separadas, procuram a solidão e não fazem nada de bom. As abelhas operárias tiram as flores do salgueiro, esfregam-nas na superfície da colmeia e fazem isso unicamente para eliminar os animais nocivos, e se o ingresso da colmeia é largo, estreitam-no. Durante o inverno estão bem num lugar quente, no verão preferem um lugar fresco. Sentem a chegada do inverno e a chuva e isso se deduz do fato que nessas circunstâncias não saem para fora, nem se afastam, mas voam somente dentro das colmeias. E disso, Os apicultores compreendem quando está para chegar a chuva. Observa além disso que sobretudo três coisas prejudicam as abelhas: o vento, a fumaça e os vermes. Quando se levanta um forte vento, as abelhas guarda fecham as aberturas das colmeias, para que o vento não entre. Aqueles que pretendem tirar o mel às abelhas, defumam-nas, porque com a fumaça ficam atordoadas. Enfim, são prejudicadas pelos insetos e ouros animaizinhos: se as abelhas são fortes, matam-nos e os tiram das colmeias. As outras abelhas, as fracas, pelos danos que sofrem de tais insetos, são freadas em sua atividade. Consideremos cada um desses fatos individualmente.

A abelha é figura do justo, cujos pés são os sentimentos de amor, não infundidos nele pela natureza, mas pela graça, já que por natureza somos todos filhos da ira (cf. Ef 2,3). Os justos estão mutuamente ligados por estes sentimentos e, por isso, o Apóstolo pode dizer: "Amai-vos reciprocamente" (Rm 12,10). E no Apocalipse está escrito que "os pés do anjo eram como colunas de fogo" (Ap 10,1). Assim, os sentimentos do justo, do cristão, devem ser coluna que sustenta a fragilidade dos outros, fogo para inflamá-los do amor de Deus.

A abelha pequena, isto é, o justo humilde, tem condições de realizar obras maiores. No Primeiro livro dos Reis, lemos que Davi diz: "Eu, teu servo, matei um leão e um urso" (ISm 17,36). Quem se proclama servo, mostra-se humilde. No leão é representada a soberba, no urso, a luxúria. Quanto trabalho se exige para destruir em si mesmo estes dois vícios, só o sabe quem já o experimentou. E observa que primeiro é nomeado o leão, porque, se primeiro não se extirpar do coração a soberba, a luxúria da carne não pode ser vencida. As quatro asas do justo são o desprezo de si, a rejeição do mundo, o zelo pelo próximo e o desejo do reino; ou são também as quatro virtudes principais [cardeais], com as quais o justo se eleva da terra e penetra nas profundezas dos céus. Sua cor é escura, como que queimada; sobre isso lemos nas Lamentações: "O rosto deles tornou-se mais negro do que os carvões, e não são mais reconhecidos nas praças" (Lm 4,80). O carvão apagado é o pobre de Cristo: seu rosto enegreceu-se pela fome e pela sede, pelo trabalho e pelo suor, e, portanto, na praça do mundo, que é a glória humana, não é mais reconhecido.

As abelhas ornadas são os religiosos vãos e os hipócritas, que se gloriam de uma honestidade exterior e da observância de suas tradições, vivem separados, procuram a singularidade e, portanto, nada fazem de bom, porque querem agradar aos homens.

Depois, existem as abelhas operárias, que esfregam as colmeias com as flores do salgueiro. No salgueiro é representada a amargura da abstinência, das vigílias e das lágrimas, com as quais os penitentes afligem seu corpo e como que o ungem, para protegê-lo dos animais nocivos, isto é, da luxúria e de tudo o que induz ao mal. As pessoas carnais cobrem-se de mel, isto é, dos prazeres temporais e, por isso, são assaltadas por enxames de moscas, que são os maus pensamentos e as tentações, enquanto esses insetos fogem dos justos porque eles estão cobertos de amargura. "Nossa carne não teve alívio algum" (2Cor 7,5), afirma o Apóstolo. E se as aberturas da colmeia, isto é, os sentidos do corpo, são largas e abertas à sensualidade e à curiosidade, elas as estreitam e as reduzem. "Fechada a porta - isto é, os sentidos - entra no quarto da consciência e ali ora a teu Pai" (Mt 6,6).

No inverno, isto é, no tempo da adversidade, adapta-se aos justos um lugar quente, quer dizer, um espírito enérgico, para que a adversidade não os abata; no ve-Tão, porém, isto é, no tempo da prosperidade, a eles é mais adaptado um lugar fresco, isto é, um espírito constante e resoluto, a fim de que a prosperidade não os inche e os leve para a ruína. Com efeito, o calor dissolve, enquanto o frio restringe e consolida.

Sentem a chegada do inverno e da chuva, quer dizer, preveem as tentações. Em Jó fala-se assim do cavalo, isto é, do justo: "Cheira de longe a batalha, a exortação dos capitães e o alarido do exército" (Jó 39,25). Os capitães são as tentações sutis, que, sob a aparência da virtude, parecem exortar racionalmente; o exército é o apetite carnal, que, como um lobo, uiva abertamente. Mas o justo, com o olfato da discrição, percebe a ambos de longe e deles se acautela atentamente.

Tudo isso significa que o justo, quando percebe que a tentação está iminente, não sai (de si mesmo) através dos sentidos do corpo, mas recolhe-se em si, e ali eleva-se no voo da contemplação. Com efeito, lemos na Sabedoria: "Entrando em minha casa [isto é, na consciência] repousarei com a sabedoria" (Sb 8,16). A sabedoria deriva seu nome de sabor, aquilo que se experimenta na contemplação.

E observa ainda que existem sobretudo três coisas que prejudicam o justo: o vento da soberba: quando este sopra, o justo, que é guarda de si mesmo, deve fechar as aberturas das colmeias, isto é, dos sentidos do corpo, para que não seja prejudicado. Jó: "Levantou-se um vento muito forte nos lados do deserto, e abalou os quatro cantos da casa, que, caindo, esmagou os seus filhos" (Jó 1,19). Jó, que quer dizer "aquele que se dói", é o penitente; seus filhos são suas obras; a casa é a consciência; os quatro lados são as quatro virtudes cardeais; o deserto é a malícia do diabo; a soberba que irrompe impetuosa desse deserto abala a consciência, que é arrancada de sua estabilidade e cai; caindo destrói as obras da penitência, porque, antes da ruína, o coração se ensoberbece, e a soberba tem em si mesma a sua ruína (cf. Pr 18,12).

Depois, existe a fumaça da avareza, que cega os olhos dos sábios. Quando os demônios querem tirar de alguém a doçura do espírito, sopram-lhe contra a fumaça da concupiscência. Realmente, no Livro dos Juízes, diz-se que Abimelec - nome que significa "meu pai, rei"-, com todo o seu povo, cortou os ramos das árvores, fez com eles um grande montão, pôs-lhe fogo e incendiou a torre com todos os homens e mulheres que estavam lá; e assim aconteceu que pela fumaça e pelo fogo foram mortos cerca de mil pessoas (cf. Jz 9,48-49). A árvore é o mundo, seus ramos, as riquezas e os prazeres. O diabo, que é o pai e "o rei de todos os filhos da soberba" (Jó 41,25), com toda a turba dos demônios, corta as riquezas e os prazeres do mundo, põe-lhe por baixo o fogo da avareza e, ai, mata milhares de homens e mulheres com a fumaça da concupiscência.

Expostas essas coisas sobre as qualidades das abelhas, retornemos ao nosso assunto.

12. "Pequena é a abelha entre as criaturas que voam." As criaturas que voam são os santos. Deles diz Mateus: "Olhai as aves do céu", isto é, que se elevam para o céu da contemplação, "elas não semeiam" a vaidade, "nem colhem" a tempestade - afinal, de acordo com a semente vem o fruto -," "e por isso não amontoam" a condenação "nos celeiros" do inferno (Mt 6,26). Entre os que voam, existe a pequena abelha, isto é, o humilde penitente que se considera indigno de viver com eles (a companhia dos san-tos) e, por isso, faz-se pequeno; então, acontece-lhe o que segue: "Seu fruto detém o início da doçura". Sobre isso o salmo diz: "Será como uma árvore plantada junto à torrente de água" (SI 1,3). A árvore é o penitente, que está plantado junto à torrente de água, isto é, na abundância das lágrimas e das graças; sua raiz é a humildade; o tronco que procede da raiz é a obediência; os ramos são as obras de caridade que se estendem tanto ao amigo quanto ao inimigo; as folhas são as palavras de vida eterna; os frutos são a glória celeste, que tem o princípio, o meio e um fim sem fim. O início é a suavidade da contemplação, que o penitente saboreia em alguma medida; o meio é o repouso da alma depois da morte do corpo; o fim sem fim é a dupla estola da glória na bem-aventurança eterna.

Digne-se conceder-nos tudo isso aquele que é bendito nos séculos. Amém.

Fonte: Sermões | Santo Antônio; tradução de Frei Ary E. Pintarelli, OFM: Vozes, 2019
Mais em Sermões
 

Copyright © Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil.
Direitos reservados, acesse a política de privacidade.

X FECHAR
Cadastre-se para
conhecer o
nosso carisma