Tem início em Aparecida SP 60º Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
O Santuário Nacional de Aparecida acolhe mais uma Edição do Assembleia Geral da CNBB que reúne até o dia 28 de abril, a quase totalidade dos 326 bispos ativos e parte dos 157 bispos eméritos brasileiros, para refletir, rezar e definir questões importantes da Igreja no Brasil, inclusive escolher a nova presidência da conferência para o próximo quadriênio.
20.04.2023 16:25:41 | 8 minutos de leitura

“O Papa Francisco reza por este importante momento de encontro e unidade”, garantiu dom Giambattista Diquattro, núncio apostólico do Brasil em sua saudação em nome do romano pontífice e ainda convidou os bispos a consolidar, desenvolver e fortalecer a comunhão da Igreja para a qual o Espírito Santo os consagrou, e o caminho da sinodalidade.
Com o desejo de unidade e de se comprometer com uma Igreja Sinodal deu início SP 60º Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil no Santuário de Nossa Senhora Aparecida no interior de São Paulo. Serão dias importantes para refletir, rezar e definir questões importantes da Igreja no Brasil, inclusive escolher a nova presidência da conferência para o próximo quadriênio.
Participaram da abertura da 60ª AG CNBB, conduzida pela presidência da entidade, o arcebispo de Aparecida (SP), dom Orlando Brandes e o reitor do Santuário de Aparecida, padre Carlos Eduardo Catalfo. Durante a primeira sessão da 60ª AG CNBB, foram apresentados os bispos nomeados no último ano para a Igreja no Brasil.
Dando eco à fala do núncio apostólico, o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, acolheu os participantes da assembleia, desejando que este seja um momento de comunhão. “O Senhor mostra que Ele é a fonte de comunhão. Portanto, seja esta assembleia, orante, pastoral e permita dar novos passos”, disse.
Balanço do quadriênio 2019-2023
Ao desfazer a mesa de abertura, o bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, convidou os bispos a se voltarem à imagem de Nossa Senhora Aparecida cantando e pedindo sua bênção.
A seguir foi apresentado da Presidência da CNBB 2019-2023 para os anos de 2019-2023. Referindo-se ao Papa Francisco, dom Walmor falou do quadriênio como uma travessia em meio à tempestade, um dos períodos mais difíceis do Brasil, tanto no que diz respeito à polarização política que atravessa o país quanto à pandemia da covid-19. “O Senhor interpela-nos, no meio da tempestade, a buscar esperança. Portanto, a CNBB foi meio que um barco no meio dessa difícil travessia, e foi isso que fizemos”, falou o presidente.
Análise de Conjuntura Social: “Ação concreta responsável e ética, que una a todos em torno de nosso futuro”
Abordar os grandes desafios da sociedade brasileira foi o propósito da análise de conjuntura social apresentada aos bispos no primeiro dia da 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que é realizada em Aparecida (SP), de 19 a 28 de abril de 2023.
Elaborada pelo Grupo de Análise de Conjuntura da CNBB Padre Thierry Linard, a análise foi apresentada pelo bispo de Carolina (MA) e coordenador da equipe, dom Francisco Lima. O material parte da ideia da dificuldade de realizá-la em um momento histórico “em que as transformações, possivelmente, estão mais velozes que a nossa própria percepção”, e quer ser um instrumento que ajude na vivência dos próximos passos da CNBB.
Diante do contexto apresentado, dom Francisco apontou ser o sinal mais importante da Igreja o da “ação concreta, responsável e ética, que una a todos em torno de nosso futuro”. Para o grupo de análise de conjuntura, “a maior esperança é esperançar-nos todos os dias e em todas as circunstâncias. Sem medo, pois a esperança é a nossa coragem!”.
CONFIRA NA ÍNTEGRA A ANÁLISE DE CONJUNTURA: OS GRANDES DESAFIOS DA SOCIEDADE BRASILEIRA
Entre os temas refletidos estão ainda a vitória da Democracia, Guerra mundial em pedaços, os desafios dos brasileiros no campo da economia marcado pela financeirização, o neoliberalismo e o lucro financeiro, o uso da religião no meio político, o drama da desigualdade social e racial, do desarmamento e a cultura da paz frente às violências. Com ação concreta, a análise apresentou sinais dos tempos e de esperança, destacando os resultados do diálogo do governo federal com os outros poderes, o protagonismo dos movimentos sociais e o respeito aos conselhos de controle social, o multilateralismo nas relações internacionais.
Primeira Coletiva de imprensa da 60ª AG CNBB
A primeira coletiva de Imprensa da Assembleia Geral, contou com a participação da Presidência da CNBB que relatou alguns pontos acerca do início de mais um encontro episcopal e o Relatório do quadriênio.
O arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, começou em sua fala agradecendo o trabalho dos meios de comunicação que, num tempo de “tantas mentiras e de tantas divisões”, buscam promover uma comunicação buscando mostrar a verdade e motivar corações para o bem e abrir novos caminhos com o Evangelho de Jesus e com os serviços prestados pela Igreja no coração da sociedade”.
CONFIRA NA ÍNTEGRA O RELATÓRIO DA PRESIDÊNCIA 2019–2023
O presidente da CNBB definiu este tempo com a metáfora da Igreja como uma barca numa travessia, utilizada pelo Papa Francisco em 27 de março 2020 na Praça de São Pedro. Diante da polarização ideológica vivida no Brasil nos últimos quatro anos do ponto de vista político e dos descompassos que atingem de modo especial os mais pobres e sofredores, a CNBB foi desafiada a “se reinventar para dar novas respostas”.
Dom Walmor classificou os últimos quatro anos como mais difíceis nos 70 anos da CNBB. Contudo, o presidente da CNBB disse ter o coração agradecido e com grande alegria pela experiencia feita pela CNBB com a contribuição de muitas mãos e muitos corações e colaborações competentes, o que fez muitas iniciativas crescerem, mesmo com as dificuldades da pandemia e da situação política.
A coletiva apresentou ainda reflexões acerca da Cultura da Paz, diante da violência nas escolas. Segundo o presidente a realidade atual é “consequência dos caminhos que nós temos tomado muitas vezes lamentavelmente a partir de lideranças políticas importantes que vêm fomentando o ódio, desavenças, o que compromete a busca pela fraternidade universal”. Frente a isso, seguindo o Pacto Educativo Global, convocado pelo Papa Francisco, chamou a “encontrar caminhos de diálogo, serviço e indicações concretas” frente à onda de violência nas escolas, pois viver a fé cristã, segundo ele, é humanizar-se, buscando estabelecer a cultura da paz.
Lembrando ainda do Dia dos Povos Indígenas, o arcebispo de Cuiabá (MT) e segundo vice-presidente da CNBB, dom Mário Antônio da Silva, destacou que a Conferência e a Igreja no Brasil têm abraçado as dores e as causas dos povos indígenas do Brasil de maneira muito solidária, chamando a “reconhecer o protagonismo dos povos indígenas e comunidades tradicionais e reconhecer sua sabedoria e beber dessa fonte para descobrir soluções para os muitos problemas que vivemos hoje em nossa nação e em nosso planeta, sobretudo na questão da preservação ambiental”, indicando passos a serem dados.
Nova tradução do Missal Romano
A primeira celebração da Assembleia Geral, com Vésperas, foi marcada pelo início do uso de textos da nova tradução brasileira do Missal Romano, aprovada pela Santa Sé. A Eucaristia, com Vésperas, foi marcada pelo início do uso de textos da nova tradução brasileira do Missal Romano, aprovada pela Santa Sé.
Na liturgia da Igreja, o Missal Romano é o segundo livro litúrgico mais importante. Nele, estão as orações e orientações para as celebrações eucarísticas. O Evangeliário, que traz os textos do Evangelho, é o livro mais importante nos ritos da Igreja.
A tradução brasileira dessa terceira edição do Missal Romano levou 19 anos de trabalho. A jornada começou após a promulgação, em 2002, pelo Papa João Paulo II, da nova edição típica. Desde então, foram anos de intenso trabalho de tradução, revisão e aprovação do conteúdo do Missal, coordenados pela Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (Cetel).
A Terceira Edição Típica do Missal Romano foi aprovada pelos bispos na 59ª Assembleia Geral da CNBB e encaminhada ao Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos em dezembro de 2022. A confirmação da Santa Sé foi publicada no dia 17 de março deste ano.
No segundo dia dos trabalhos a AG CNBB, A Comissão Episcopal para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) o processo de adaptação da Igreja do Brasil à tradução brasileira da terceira edição do Missal Romano. Como foi decidido na última reunião do Conselho Permanente da CNBB, realizada em março, as comunidades de todo país têm até o Advento para começar a utilizar os novos textos nas celebrações da missa.
Dom Edmar Peron, bispo da Diocese de Paranaguá PR e que é membro da Comissão de liturgia, explicou que não se trata de um “novo missal” inaugurando uma nova forma de liturgia, como em 1965 pós Concílio Vaticano II, mas a tradução da terceira edição típica do Missal Romano, “o missal pós Concílio Vaticano II, também chamado Missal de Paulo VI”, ressaltou. A terceira edição foi promulgada em 2002 por São João Paulo II e revisada em 2008, com o objetivo de incorporar as disposições litúrgicas e canônicas desde a segunda edição típica, de 1975.