Bispos de todo o Brasil reunidos em Assembleia lançam Mensagem ao Povo Brasileiro

Reunidos deste o último dia 28 de agosto, os prelados lançaram um texto a partir do momento atual do País.

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03.09.2022 10:27:12 | 1 minutos de leitura

Bispos de todo o Brasil reunidos em Assembleia lançam Mensagem ao Povo Brasileiro

       Realizada anualmente, a Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil que acontece em Aparecida, interior de São Paulo, é um momento impar para a realização de uma comunhão entre o colégio dos Bispos, da comunhão e corresponsabilidade dos Pastores e conta ainda com discussões, estudos e decisões em torno de um tema central e partilhas das realidades da Igreja do Brasil dividida nas diversas regiões do país. 

       Esta é a segunda etapa da 59º Assembleia Geral com o formato presencial e tem como tema “Igreja Sinodal – Comunhão, Participação e Missão.” Com uma característica deliberativa, o encontro aprovou a tradução da terceira edição típica do missal romano feita pelos membros da Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (Cetel), a aprovação do Estatuto da CNBB que apresenta o entendimento da estrutura e do funcionamento da Igreja para os dias de hoje, contemplando os critérios da sinodalidade e da missão e os eixos de formação integral, comunicação e diálogo estratégico com a sociedade, a aprovação do Estudo 114 com o título “E a Palavra habitou entre nós” (Jo 1,14): Animação Bíblica da Pastoral a partir das comunidades eclesiais missionárias” e ainda com a aprovação do subsídio com os critérios e itinerários para a instituição do Ministério de Catequistas.

       A Assembleia ainda celebrou os 70 anos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil que foi criada em 14 de outubro de 1952 e idealizada por Dom Helder Câmera que foi recordado na celebração. 

"Queremos falar ao coração de todos"

       Além de uma carta enviada ao Papa Francisco mostrando a comunhão da Igreja do Brasil com a Santa Sé e outros temas, a Conferência lançou uma Mensagem ao Povo Brasileiro sobre o Momento atual. Os 292 bispos reunidos no Santuário de Aparecida reconhecem o tempo difícil em que vivemos, e por ser advogada da justiça e dos pobres, exatamente por não se identificar com os políticos nem com os interesses de partido, a Igreja constata com preocupação os "alarmantes descuidos com a Terra, a violência latente, explícita e crescente, potencializada pela flexibilização da posse e porte de armas que ameaçam o convívio humano harmonioso e pacífico na sociedade. Entre outros aspectos destes tempos estão o desemprego e a falta de acesso à educação de qualidade para todos. A fome é certamente o mais cruel e criminoso deles, pois a alimentação é um direito inalienável."

       Os bispos ainda levantaram o tema da democracia, reconhecendo a sua importância: "Nossa jovem democracia precisa ser protegida, por meio de amplo pacto nacional. Isso não significa somente “um respeito formal de regras, mas é o fruto da convicta aceitação dos valores que inspiram os procedimentos democráticos [...] se não há um consenso sobre tais valores, se perde o significado da democracia e se compromete a sua estabilidade” (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 407)."

       No ano em que celebramos os 200 anos da Independência do Brasil, os prelados afirmaram que "É necessário o compromisso autêntico com a verdade, com a promoção de políticas de Estado capazes de contribuir de forma efetiva para a diminuição das desigualdades, a superação da violência e a ampliação do acesso a teto, trabalho e terra. Comprometidos com essas conquistas e inspirados pela cultura do diálogo e do encontro, podemos ser uma nação realmente independente e soberana."

       Entre outros temas presente na mensagem estão as fake News, a manipulação religiosa protagonizada por políticos e religiosos, o tema da corrupção e diante desses e outros desafios os bispos afirma que "a dinâmica da democracia nos coloca, mais uma vez, num processo eleitoral" e que "pelo seu exercício responsável e consciente, a população tem a capacidade de refazer caminhos, corrigir equívocos e reafirmar valores." A mensagem mostra ainda o apoio incondicional da CNBB às instituições da República, responsáveis pela legitimação do processo e dos resultados das eleições.

       Ao final do texto, a Mensagem conclama todo povo brasileiro a uma participação ativa e pacificamente das eleições e que as escolhas feitas sejam a partir de "projetos comprometidos com o bem comum, a justiça social, a defesa integral da vida, da família e da Casa Comum"

Dom Leonardo Steiner: "Jejum é o exercício do abrir espaço para o mistério que transforma"

       A missa de encerramento a 59º Assembleia Geral foi presidida pelo recém Cardeal Leonardo Steiner e concelebrado por outros bispos na Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida. 

       Baseado na Liturgia da sexta feira da 22º Semana do Tempo Comum, onde os discípulos perguntam para Jesus o motivo pelo qual eles não jejum como os outros religiosos do seu tempo, o Cardeal lembrou sobre o verdadeiro sentido do Jejum. Segundo o Arcebispo de Manaus o jejum é um ato de esvaziamento, de uma abertura onde nasce a possibilidade de uma vida nova. Jesus ao falar no trecho bíblico que o jejum acontece com a ausência do esposo, Dom Leonardo lembrou que a saudade de estar com o Amado desperta em nós a partir do Jejum o desejo do retorno de deixar ser transformado pelo Senhor. 

       Trazendo elementos refletidos na Assembleia e presentes na realidade brasileira o cardeal frisou: "As intempéries da vida que cobrem a nossa nobreza, a justiça, a paz, a fraternidade estão a nos despertar para um jejum. Sim Jejum de democracia, de ética é a possibilidade, no entanto de despertarmos para a necessidade da justiça e da dignidade. Somos levados ao reencantamento do conviver humano. Talvez tenhamos pensando e discutidos nos últimos dias, talvez não temos pensado na Paz neste tempo de conflitos e violências. no entanto na ausência, na saudade é que começamos novamente a perceber a importância de todos estes elementos, caso o contrário perderemos as cores, os sabores de nosso convívio social."

       Falando sobre o encerramento de mais uma Assembleia Geral e os 70 anos da CNBB, o prelado lembrou que depois de um tempo de saudade, de Jejum, fazendo relação com a pandemia, o encontro aconteceu "vimos quanto de desejo de alimentar de nossa colegialidade, de estarmos juntos, de rezarmos juntos. Juntos podemos ver a graça e a beleza de nossas Igrejas particulares... Momentos que favorecem a nossa comunhão é um grande Banquete e já acontece a 70 anos." 

       O cardeal lembrou ainda em sua homilia a Amazônia. Recordando tantas realidades e ensinamentos presentes na região, "Uma Amazônia de mil rostos e de mil sonhos sempre mais delapidada, destruída, poluída, violentada. No entanto sempre mais amada. Não necessitemos jejuar por termos perdido a poesia, os lares, as culturas, as criaturas, tudo que abriga e deixa a ser. Não necessitemos jejuar, sentir saudade do tempo em que tínhamos uma Casa para qual sempre podíamos voltar. Uma casa para todos. Não é possível colocar remendo em roupas destruídas. Não será possível colocar vinho novo em barris aberto e destruídos." e pediu: "Ouçamos sempre o presente futuro, permanecendo na graça da convivência do habitar, do estar na dignidade do esposo. Deixemos todos os irmãos e irmãs habitarem, pois todos são irmãos e irmãs de Jesus. Permaneçamos sempre a caminho." 

Fonte: Comunicação Provincial | CNBB
Imagem: CNBB | A12
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